Falar de nós em cada verão
Beijar as margens de cada rio
Sentir o corpo em combustão
Cantar a terra
Chorar a terra
Cantar a água
Chorar a água
Cantar o fogo
Chorar o fogo
No cio da criação
Sentir a raiva desse teu ventre
Estalando o fresco, golpada
Beijar as margens de cada rio
Sentir o corpo em combustão
Cantar a terra
Chorar a terra
Cantar a água
Chorar a água
Cantar o fogo
Chorar o fogo
Cantar a terra
Chorar a terra
No cio da criação
A cerveja já está choca
E o café quase a fechar
Sinto a cabeça tão louca
Estou mesmo a flipar
Nó cego
Foi o que deste em mim rapariga
Nó cego
Deste-me cabo da vida
Hoje quase não dormi
E o rádio não liguei
Para não pensar em ti
Bebi rum e até drunfei
E no meu quarto fechado
num terrível abandono
Senti-me um macho falhado
Deixei de ser teu dono
Nó cego
Foi o que deste em mim rapariga
Nó cego
Deste-me cabo da vida
O sol bate no goraz
nas sardinhas
nos legumes
as laranjas
e as maças
enchem o ar
de perfumes
torna-se duro o inverno
logo p´la manhã vem
o aconchego terno
do velho xaile de lã
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
Desafio pairando sobre o rio
a ponte é uma miragem...
Nas tasquinhas decoradas
curte-se o chique burguês
comem-se boas dobradas
ostenta-se a embriaguês
Há um navio fantasma
na voz de uma peixeira
e um velhote com asma mente à
própria ribeira
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
Desafio pairando sobre o rio
a ponte é uma miragem...
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
A ponte é uma passagem
p´rá outra margem
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
António Aleixo
Todas as manhãs o sol espelha
Bate nas lentes escuras
O sangue jorra de esguelha
Na pala das ditaduras
Continente grita de dor
Rebenta pelas costuras
A morte,o medo e o terror
São dias feitos agruras
Do Paraguai a Porto Rico
Salvador ás Honduras
Da Bolívia à Guatemala
Argentina ao Chile
Latina ' América
Latina ' América
Latina ' América
Latina ' América
Descem das montanhas
Para pôr fim a essa sina
Que te rebenta as entranhas
Capacete em cada esquina
Todas as manhãs o sol espelha
Bate nas lentes escuras
O sangue jorra de esguelha
Na pala das ditaduras
Do Paraguai a Porto Rico
Salvador às Honduras
Da Bolivia à Guatemala
Argentina ao Chile
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