Pedro Abrunhosa no Coliseu do Porto

Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel numa esquina
Um sono acordado
um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida

Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

A noite não tem braços
Que te impeçam de partir
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir
Não sei quanto tempo fomos
Nem sei se te trago em mim
Sei do vento onde te invento, assim
Não sei se é luz da manhã
Nem sei o que resta em nós
Sei das ruas que corremos sós
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
A estrada ainda longa
Cem quilómetros de chão
Quando a espera não tem fim
Há distâncias sem perdão
Não sei quanto tempo fomos
Nem sei se te trago em mim
Sei do vento onde te invento, assim
Não sei se é luz da manhã
Nem sei o que resta em nós
Sei das ruas que corremos sós
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
Navegas escondida
Perdes nas mãos o meu corpo
Beijas-me um sopro de vida
Como um barco abraça o porto
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti

Será que ainda me resta tempo contigo
Ou já te levam balas de um qualquer inimigo
Será que soube dar-te tudo o que querias
Ou deixei-me morrer lento no lento morrer dos dias
Será que fiz tudo o que podia fazer
Ou fui mais um cobarde não quis ver sofrer
Será que lá longe ainda o céu é azul
Ou já o negro cinzento confunde o norte com o sul
Será que a tua pele ainda é macia
Ou é a mão que me treme sem ardor nem magia
Será que ainda te posso valer
Ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer
Será que é de febre este fogo
Este grito cruel que da lebre faz lobo
Será que amanha ainda existe para ti
Ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri
Será que lá fora os carros passam ainda
Ou estrelas caíram e qualquer sorte é bem vinda
Será que a cidade ainda está como dantes
Ou cantam fantasmas e bailam gigantes
Será que o sol se põe do lado do mar
Ou a luz que me agarra é sombra de luar
Será que as casas cantam e as pedras do chão
Ou calou-se a montanha rendeu-se o vulcão
Será que sabes que hoje é domingo
Ou os dias não passam são anjos caindo
Será que me consegues ouvir
Ou é tempo que pedes quando tentas sorrir
Será que sabes que te trago na voz
Que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós
Será que te lembras da cor do olhar
Quando juntos a noite não quer acabar
Será que sentes esta mão que te agarra
Que te prende com a força do mar contra a barra
Será que consegues ouvir-me dizer
Que te Amo tanto quanto outro dia qualquer
Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia nem dia sem fim
Eu sei que me queres e me Amas também
Me desejas agora como nunca ninguém
Não partas então não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho
Será
Será
Será
Será

Perdi-me do nome,
Hoje podes chamar-me de tua,
Dancei em palácios,
Hoje danço na rua.
Vesti-me de sonhos,
Hoje visto as bermas da estrada,
De que serve voltar
Quando se volta p’ró nada.
Eu não sei se um Anjo me chama
, Eu não sei dos mil homens na cama
E o céu não pode esperar.
Eu não sei se a noite me leva,
Eu não ouço o meu grito na treva,
E o fim vem-me buscar.
Sambei na avenida,
No escuro fui porta-estandarte,
Apagaram-se as luzes,
É o futuro que parte.
Escrevi o desejo,
Corações que já esqueci,
Com sedas matei
E com ferros morri.
Eu não sei se um Anjo me chama,
Eu não sei dos mil homens na cama
E o céu não pode esperar.
Eu não sei se a noite me leva,
Eu não ouço o meu grito na treva,
E o fim vem-me buscar.
Trouxe pouco,
Levo menos,
E a distância até ao fundo é tão pequena,
No fundo, é tão pequena,
A queda.
E o amor é tão longe,
O amor é tão longe… (…)
E a dor é tão perto.

Partir é ferro que arde,
Sem que se parta a lembrança,
Que a mão esquerda te guarde
Enquanto a noite avança.
Eu hei-de voltar,
Prometo!
Se alguém perguntar,
Eu volto!
E se eu demorar,
Dá-me o teu beijo apertado
E que nos vejam dançar.

Ohohoh
Ohohoh
Somos do lado dos puros,
Meu Amor,
Amor em tempo de muros.

Préstame tus alas,
Siempre supiste volar,
Te doy mis ojos en brasa,
Los tuyos no han de llorar.
Yo he de traerte
El fuego.
He de liberarte,
Lo juro!
Y he de salvarte!
Dame tu beso callado,
De lejos voy a llegar.

Ohohoh
Ohohoh
Somos del lado de los puros,
Mi Amor,
Amor en tiempo de muros.
Ohohoh
Ohohoh
Son días oscuros,
Mi Amor,
Amor en tiempo de muros.

Andam cobras no caminho,
E das pedras do moinho,
Hicieron alta la muralla,
Batalla Dios para quedarse!

Ohohoh
Ohohoh
Somos do lado dos puros,
Meu Amor,
Amor em tempo de muros.
Ohohoh
Ohohoh
São dias escuros,
Meu Amor,
Amor em tempo de muros,
Somos do lado dos puros,
Amor sem tempo e sem muros.

A porta fechou-se contigo
Levaste na noite o meu chão
E agora neste quarto vazio
Não sei que outras sombras virão
E alguém ao longe me diz
Há um perfume que ficou na escada
E na TV o teu canal está aberto
Desenhos de corpos na cama fechada
São um mapa de um passado deserto
Eu sei que houve um tempo em que tu e eu
Fomos dois pássaros loucos
Voamos pelas ruas que fizemos céu
Somos a pele um do outro
Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora
Ainda sei de cor o teu ventre
E o vestido rasgado de encanto
A luz da manhã e o teu corpo por dentro
E a pele na pele de quem se quer tanto
Não tenho mais segredos
Escondi-me nos teus dedos
Somos metades iguais
Mas hoje só hoje
Leva-me para onde vais
Que eu quero é dizer-te
Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora
E não desistas de mim
Não te percas agora

Tu és a fonte do meu desejo
Minha heroína, meu ensejo
Barco no Douro à deriva
Sem vento, sem guarida
Nem ferros para lançar
Eu sou o que mais tu podes querer
Sou Apolo, sou Adónis
Sultão entre os sultões
Sem rainha nem mulher
Há quanto tempo isto está p'ra acontecer
Mais dia, menos dia vou ter que te dizer:
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Tu és a minha louca fantasia
Noites brancas de magia
És prosa de um poeta
E na cauda de um cometa
Tango dançado ao luar
Eu sou, herói de banda desenhada
Errol Flynn de capa'espada
Tiro tudo, não dou nada
Ninguém me vai agarrar
Há quanto tempo
isto está p'ra acontecer
mais dia, menos dia
vou ter que te dizer:
"Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti, sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado"
Tu és o meu sonho mais atrevido
Olho e tiro-te o vestido
Dizes: "És doido varrido
Faz de mim a tua puta"
"Como é vamos p'ra casa experimentar o Kama Sutra?"
Eu sou a sombra do teu destino
Sou beijo louco e repentino.
E dou-te aquilo que eu
Há muito te quero dar
Há quanto tempo
Isto está p'ra acontecer
Mais dia, menos dia
Vou ter que te dizer:
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado

Frio,
o mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar.
Quente,
O chão
Onde te estendo
E te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nú, fiel
Como este vento
Que te navega na pele.
E Pedes-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Sangue,
Ardente,
Fermenta e torna aos
Dedos de papel.
Luz,
Dormente,
Suavemente pinta o teu rosto a
pincel.
Largo a espera,
E sigo o sul,
Perco a quimera
Meu anjo azul.
Fica, forte, sê amada,
Quero que saibas
Que ainda não te disse nada.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.

Cheguei ao fundo da estrada
Duas léguas de nada
Não sei que força me mantém

É tão cinzenta a Alemanha
E a saudade tamanha
E o verão nunca mais vem

Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa
Pisar a terra em brasa
Que a noite já aí vem

Quero voltar
Para os braços da minha mãe
Quero voltar
Para os braços da minha mãe

Trouxe um pouco de terra
Cheira a pinheiro e a serra
Voam pombas
No beiral

Fiz vinte anos no chão
Na noite de Amesterdão
Comprei amor
Pelo jornal

Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa
Pisar a terra em brasa
Que a noite já aí vem

Quero voltar
Para os braços da minha mãe
Quero voltar
Para os braços da minha mãe

Vim em passo de bala
Um diploma na mala
Deixei o meu amor p'ra trás

Faz tanto frio em Paris
Sou já memória e raiz
Ninguém sai donde tem paz

Quero ir para casa
Embarcar num golpe de asa
Pisar a terra em brasa
Que a noite já aí vem

Quero voltar
Para os braços da minha mãe
Quero voltar
Para os braços da minha mãe

Já não como ha cinco dias
Não durmo ha mais de um mês
Desde que te conheci
A minha vida é como vez
Passo os dias a pensar
Não sei o que fazer
Eu nem quero acreditar
No que me foi acontecer
Só queria estar sozinho
E não pensar mais em amor
Sempre que conheço alguém
Fico de mal a pior
Li no "Metro" o teu anuncio
De carácter pessoal
Limitavas-te a dizer
Curioso como sou
Apressei-me a responder
Só para te perguntar
O que é que isso quer dizer
Guardei o jornal no bolso
Para te falar depois
Mas decorei o teu numero
937812
Liguei-te às seis da tarde
Devias estar a acordar
Essa voz rouca e quente
Num suave murmurar
Fiquei quase sem fala
Estive mesmo a desligar
Do outro lado dizias
Socorro!!Estou a apaixonar-me
É impossível resistir a tanto charme
Foste-me buscar de carro
Levaste-me à beira-mar
Nas tuas mãos a 4L
Mais parece um Jaguar!
Sentados na esplanada
A tomar um cimbalino
Foi então que percebi
Essa coisa do destino
Nesse dia aconteceu
Nunca mais vou esquecer
o mar o sol o céu a praia
Todo um mundo de prazer
Acendes um cigarro
Afagas-me o cabelo
Disseste então assim
Não percebo o que é que queres
Nem o que estas a dizer
Só sei que tu consegues
Mostrar o que é ser mulher
Quando nós nos separamos
Não nos vimos por um mês
Trinta dias a pensar
Em te ter mais uma vez
Depois vi-te na Industria
A dançar ao som do Prince
Senti-me devorado
Pelo teu olhar de lince
Com ar discreto e decidido
Chegaste-te ao pé de mim
Sussurraste-me ao ouvido
Encontrei-te então na baixa
(sem nada que o justifique)
Ali ficamos toda a tarde
Nos sofás do Magestic
Falaste-me do mundo
D'outras terras e lugares
Mostraste-me perfumes
De oceanos e mares
Ali sentado viajei
Ali pra sempre quis ficar
Contigo perto dos olhos
Os lábios quase a beijar
Falaste da cidade
Casas ruas e pessoas
E disseste sem vaidade
Tenho ouvido muita coisa
Mas nunca tão bela assim
Seduzir e encantar
São coisas novas pra mim
O que eu gosto mais contigo
Se queres saber o que eu acho
É que consigo ser homem
Sem dar uma de macho
Já não como ha cinco dias
Não durmo ha mais de um mês
Desde que te conheci
A minha vida é como vês
Passo os dias a pensar
Já não sei o que fazer
Eu nem quero acreditar
No que me foi acontecer

Gosto de ti como quem gosta do sábado,
Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade p’ra mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade p’ra ti.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Eu não sei, que mais posso ser
Um dia rei, outro dia sem comer
Por vezes forte, coragem de leão
As vezes fraco assim é o coração
Eu não sei, que mais te posso dar
Um dia jóias noutro dia o luar
Gritos de dor, gritos de prazer
Que um homem também chora
Quando assim tem de ser
Foram tantas as noites sem dormir
Tantos quartos de hotel, amar e partir
Promessas perdidas escritas no ar
E logo ali eu sei
Tudo o que eu te dou
Tu me das a mim
Tudo o que eu sonhei
Tu serás assim
Tudo o que eu te dou
Tu me das a mim
E tudo o que eu te dou
Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
Fazes aqueles truques que aprendeste no cinema
Mais peço-te eu, já me sinto a viajar
Para, recomeça, faz-me acreditar
Não dizes tu, e o teu olhar mentiu
Enrolados pelo chão no abraço que se viu
É madrugada ou é alucinação
Estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão
Hum, esse odor, traz tanta saudade
Mata-me de amor ou dá-me liberdade
Deixa-me voar, cantar, adormecer

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