Jorge Palma na Casa da Música

Os teus olhos são cor de pólvora
E o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma
Eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau

Cara de anjo mau
Tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu
E o chão começa a ceder
Cara de anjo mau
Contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser
Sempre a última a rir?

Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?
Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mal?
Que posso eu fazer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?

Cara de anjo mau
Tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu
E o chão começa a ceder
Cara de anjo mau
Contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser
Sempre a última a rir?

Por ti mandava arranjar os dentes e comprava um colchão
Por ti mandava embora o gato por quem tenho tanta afeição
Por ti deixava de meter o dedo no meu nariz
Por ti eu abandonava o meu país

Cara de anjo mau
Tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu
E o chão começa a ceder
Cara de anjo mau
Contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser
Sempre a última a rir?

Dormia tão sossegada
Pernas tão tenras na cama
Eu fui-me chegando a ela
Quis partilhar uma chama

Dormia tão sossegada
Os dedos tão inocentes
Eu desejei-a tão forte
Os preconceitos ausentes

E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento

Dormia tão sossegada
Os lábios entreabertos
A calma em forma de sonho
Com os sentidos despertos

Ela ficou sossegada
Depois da minha visita
A desenhar os lençóis
Ficou ainda mais bonita

E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento

Nunca ninguém me tinha dito
Assim tão bem
Como alguém pode ser tão igual
Independentemente donde vimos,
Da cor da nossa pele,
Da nossa religião,
Do nosso dinheiro,
Da nossa moral

E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento
Desse espantoso momento
Desse espantoso momento.

Paranoia, pandemónio
O planeta já deu o que tinha a dar
Oligarcas, bilionários
Os mais ricos já estão prontos pra se porem andar

Está na hora da partida
Há quem pode fugir desta confusão
Astronautas, cientistas
Cravam povo pra mão de obra e pra reprodução

Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir

Sem apelo nem agravo
O fim está próximo não há nada a fazer
Desespero pros que ficam
E não têm grande chance de sobreviver

Neste jogo sem fronteiras
Em que o prémio era o nosso próprio fim
Fomos todos engenheiros
Habilmente conseguimos acabar assim

Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir

Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir

Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
Frágil, sinto-me frágil

Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil, sinto-me frágil

Frágil, esta noite estou tão
Frágil, frágil
Já nem consigo ser ágil

Está a saber-me mal
Este Whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
Frágil, sinto-me frágil

Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil, sinto-me frágil

Frágil, esta noite estou tão
Frágil, frágil
Já nem consigo ser ágil

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