O correio chegou generoso e galante
Eu já sei que vou ser oura vez possuído
Pelas palavras sãs, compassivas e doces
Coisas que em geral se dizem ao ouvido
O futuro vem lá sinuoso e matreiro
E o que deixa antever não é convidativo
Tenho um médico bom, é um homem sincero
Diz me que também ele se sente apreensivo
Mergulho no teu corpo começo a delirar
Vejo o principio e o fim abraçados
Numa espécie de altar
Ouço alguém a cantar, conheço a melodia
É uma velha canção lá do tempo da guerra
Nunca matei ninguém, tenho tido essa chance
Talvez fosse capaz e é isso que me aterra
Sinto a alma a ferver de tanto ardor contido
Tenho de combater eliminar o perigo
Tenho de me livrar da Caixa de Pandora
Atira-la ao mar, salvar o meu abrigo
Mergulho no teu corpo começo a delirar
Vejo a paixão e o ódio em chamas
Numa espécie de altar
Vejo um demónio e um anjo dançando
Numa espécie de altar
Vejo o principio e o fim abraçados
Numa espécie de altar
Dormia tão sossegada
Pernas tão tenras na cama
Eu fui-me chegando a ela
Quis partilhar uma chama
Dormia tão sossegada
Os dedos tão inocentes
Eu desejei-a tão forte
Os preconceitos ausentes
E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento
Dormia tão sossegada
Os lábios entreabertos
A calma em forma de sonho
Com os sentidos despertos
Ela ficou sossegada
Depois da minha visita
A desenhar os lençóis
Ficou ainda mais bonita
E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento
Nunca ninguém me tinha dito
Assim tão bem
Como alguém pode ser tão igual
Independentemente donde vimos,
Da cor da nossa pele,
Da nossa religião,
Do nosso dinheiro,
Da nossa moral
E a lua estava lá fora
Para além do firmamento
A fingir que não sorria
Desse espantoso momento
Desse espantoso momento
Desse espantoso momento.
Os teus olhos são cor de pólvora, o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?
Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mal?
Que posso eu parecer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Por ti mandava arranjar os dentes e comprava um colchão
Por ti mandava embora o gato por quem eu tenho tanta afeição
Por ti deixava de mater o dedo no meu nariz
Por ti abandonava o meu país
Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder
Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é facil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?
Paranoia, pandemónio
O planeta já deu o que tinha a dar
Oligarcas, bilionários
Os mais ricos já estão prontos pra se porem andar
Está na hora da partida
Há quem pode fugir desta confusão
Astronautas, cientistas
Cravam povo pra mão de obra e pra reprodução
Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir
Sem apelo nem agravo
O fim está próximo não há nada a fazer
Desespero pros que ficam
E não têm grande chance de sobreviver
Neste jogo sem fronteiras
Em que o prémio era o nosso próprio fim
Fomos todos engenheiros
Habilmente conseguimos acabar assim
Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir
Vamos cultivar plantas na lua
Talvez um dia o trigo lá se de bem
Vamos construir shoppings na lua
A expandir a nossa arte de bem consumir
Folhas de outono, luas sem mel
Esplendores e misérias do grande hotel
Do Kamasutra às flores do mal
Passos de anjo rumo ao destino final
Ilhas fantasma, gaitas sem fole
Os trópicos tristes jazem ao sol
Barcos sem leme nem capitão
Homem zangado até pode ter razão
Retiras dum engarrafamento sem avanço ou retorno
Esbanjámos cada instante precioso como se fosse eterno
Considerámos cada migrante apenas mais um trastorno
E agora todos desfrutamos de uma estação no inferno
Promessas escritas na maionese
A espuma dos dias ao som do jazz
Doses contadas dinheiro na mão
Olhares lascivos noites de inquietação
Deuses extintos pragam aos céus
Mulheres destemidas rasgam os véus
Criança cresce de arma na mão
Criança morre ninguém lhe pede perdão
Decapitando a magna floresta para alimentar gado
Divorciando nosso carácter dum instinto fraterno
Envenenado o vasto oceano insultando o passado
E agora vamos desfrutando de uma estação no inferno
E agora juntos desfrutamos de uma estação no inferno
Chegaste com três vinténs
E o ar de quem não tem
Muito mais a perder
O vinho não era bom
A banda não tinha tom
Mas tu fizeste a noite apetecer
Mandaste a minha solidão embora
Iluminaste o pavilhão da aurora
Com o teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
Eu fiquei louco por ti
Logo rejuvenesci
Não podia falhar
Dispondo a meu favor
Da eloquência do amor
Ali mesmo à mão de semear
Mostrei-te a origem do bem e o reverso
Provei-te que o que conta no universo
É esse passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas
Há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espírito aberto
Às vezes andei perto
Da essência do amor
Porém no meio dos colchões
No meio dos trambolhões
A situação era cada vez pior
Tu despertaste em mim um ser mais leve
E eu sei que essencialmente isso se deve
A esse passo inseguro
E ao paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume, não deixes o frio entrar
Faz os teus braços fechar-me as asas
Há tanto tempo a acenar
Se eu fosse compositor
Compunha em teu louvor
Um hino triunfal
Se eu fosse crítico de arte
Havia de declarar-te
Obra-prima à escala mundial
Mas eu não passo de um homem vulgar
Que tem a sorte de saborear
Esse teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
Esse teu passo inseguro
E o paraíso no teu olhar
No bairro do amor a vida é um carrossel
Onde há sempre lugar para mais alguém
O bairro do amor foi feito a lápis de cor
Por gente que sofreu por não ter ninguém
No bairro do amor o tempo morre devagar
Num cachimbo a rodar de mão em mão
No bairro do amor há quem pergunte a sorrir
Será que ainda cá estamos no fim do Verão
Epá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem
No bairro do amor a vida corre sempre igual
De café em café, de bar em bar
No bairro do amor o sol parece maior
E há ondas de ternura em cada olhar
O bairro do amor é uma zona marginal
Onde não há prisões nem hospitais
No bairro do amor cada um tem que tratar
Das suas nódoas negras sentimentais
Epá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair um pouco
Eu sei que tu compreendes bem
Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.
Deixa-me rir
Essa história não e tua
Falas da festa, do sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender
Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor
Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor o que vai dizer
Segunda-feira
Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
De que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso
Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante
Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor, o que vai dizer
Segunda-feira
Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
Frágil, sinto-me frágil
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
Frágil, sinto-me frágil
Frágil, esta noite estou tão
Frágil, frágil
Já nem consigo ser ágil
Está a saber-me mal
Este Whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
Frágil, sinto-me frágil
Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais
Frágil, sinto-me frágil
Frágil, esta noite estou tão
Frágil, frágil
Já nem consigo ser ágil
Eu bebi, sem cerimónia o chá
À sombra uma banheira decorada,
Num lago de champu
E dormi, como uma pedra que mata
Senti as nossas vidas separadas,
Aquario de ostras cru
Ana lee, ana lee
Meu lótus azul,
Ópio do povo,
Jaguar perfumado,
Tigre de papel
Ana lee, Ana Lee
No lótus azul,
Nada de novo
Poente queimado,
Triângulo dourado.
Se ela se põe de vestidinha,
Parece logo uma princezinha,
Num trono de jasmim.
E ao vir-me,
Embora em verde tónico,
No pais onde fumam as cigarras,
Deixei-a a sonhar por mim.
Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Três palmas na mão
Três palmas na mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Tanto caminho, tanta encruzilhada
Tantos sinais à beira da estrada
Os relógios divergem, não respeitam as horas
Eles apenas sugerem que o tempo é já agora
Três palmas na mão
Três palmas na mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Doces encontros que nem sempre dão certo
Sonhos de amor jazem no deserto
Quando a verdade nua é profunda e forte
Dava jeito e audácia para enfrentar a sorte
Três palmas na mão
Três palmas na mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Três palmas na mão
Três palmas na mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Três palmas na mão
Três palmas na mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Nada, nem ninguém
Irá separar
Estas palmas da mão
Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar
Chegado da guerra, fiz tudo pra sobreviver
Em nome da terra, no fundo pra te merecer
Recebe-me bem, não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói, não quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
O que não vivi hei de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes, entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim
Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
Vizinha de mim deixa ser meu o teu quintal
Recebe esta pomba que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada, seja como for
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada onde só quero ser feliz
Enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer
Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
O que não vivi, um dia hei de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim
Encosta-te a mim
Quero-te bem
Encosta-te a mim
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Comentários
Enviar um comentário