Eu vou no arrepio
Eu vivo o desconforto
Eu sinto o calafrio
Pressinto o maremoto
Eu falho sempre o tiro
E digo que é por pouco
Faço mira ao destino
Mas do lugar do morto
Isto é um ápice
Isto é um triz
Eu estive quase
P'ra ser feliz
Hesito e não mergulho
O susto não me passa
Eu já não tenho orgulho
Mas prezo a carapaça
É onda que recua
É nuvem que ameaça
Eu já nem saio à rua
Com medo da desgraça
Oh, oh oh
Dentro do meu armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Eu tenho falta de ar
As aves já não piam
O calo já não sofre
As folhas rodopiam
E cheira a enxofre
Eu sou um gato preto
Eu nunca tenho sorte
Faço secar o trevo
Posso agoirar a morte
É um ápice
É um triz
Eu estive quase
P'ra ser feliz
Oh, oh oh
Aqui no meu armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Oh, oh oh
No escuro do armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Preciso sair
Eu tenho falta de ar
Eu quero sair
Não dá p'ra respirar
Eu quero sair
Presa nos limites duma condição
Dou passos em volta como na prisão
Cavar ou não o túnel, eis a questão
A estudar a fuga até à exaustão
E olhar para mim
A fugir, a fugir
Ver em cada fenda a salvação
Ver em cada cor uma visão
De cada silêncio tirar uma lição
Ouvir em cada nota uma canção
E dançar até cair
Dançar e cair
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
E voar
Até escapar
Ver em cada sombra uma réplica do breu
E ver em cada coisa uma súplica do léu
Ver em cada passo um súbito apogeu
E ver como o azul se duplica no céu
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não tem fronteiras
A ave em mim não vê barreiras
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não tem fronteiras
A ave em mim não vê barreiras
Se o amor faz sofrer
Se a paixão faz doer
O que o ódio fará
Não soube o que dizer
Magoei sem querer
Mas não queres perdoar
Discutiste
Insististe
E pior não me ouviste
Nem me viste chorar
Eu cedi
Concordei
Admiti que errei
Mas só queres guerrear
E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Não Não
Argumentos que ferem
Silêncios torturam
Gestos são letais
E afinal, pra quê mais?
Concordar jamais
Mesmo que eu diga sim
E eu sei
Não tem fim
Não queres a paz que trago em mim
Vi também que a paz em ti não fica bem
Não Não
Oh Não
E eu vou
Vou desandar daqui
Antes que o céu
Decida desabar sobre mim
Eu sei
Não tem fim
Tu não queres a paz que trago em mim
Vi também que a paz em ti não fica bem
Não tem fim
Tu não queres a paz que trago em mim
Sei também que a paz em ti não fica bem
Não Não
Só para dizer que te amo
Nem sempre encontro o melhor termo
Nem sempre escolho o melhor modo
Devia ser como no cinema
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém, hey...
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe
Como o mar está do céu
Só para dizer que te amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo
E há até um momento em que digo o que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir
As palavras custam a sair
Não digo o que estou a sentir
Digo o contrário do que estou a sentir
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe
Como o mar está do céu
E é tão difícil
Dizer amor
É bem melhor dizê-lo a cantar
Por isso esta noite
Fiz esta canção
Para resolver o meu problema de expressão
P'ra ficar mais perto
Bem mais de perto
Ficar mais perto
Bem mais de perto
Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz
É a voz de quem espera do futuro um presente mais justo
Diferente
A voz que ardeu a custo e tarde ou cedo vai dizer liberdade
Premente
Oh, não! Outra vez!
Cumpridas guerras e fomes, era o fim
Oh, não! Era o fim
A face enxuta, o fim do filme, e não na terra esta luta
Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz
Voz de quem vai ao fundo e vem à tona só por vir respirar
Mais ar
Um ar não contaminado, nunca é cedo, ainda é tarde e demora
É agora
Oh, não! Outra vez
Cumpridas guerras, fomes, era o fim
Oh, não! Pesadelo
Há que vivê-lo por dentro e logo após desfazê-lo
Sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, que o seu eco é a nossa voz
Era uma vez o ser humano
A ser extinto em cinzas
Eram já muitos, somos já nada
A ser desfeito em cinzas
Cinzas, pó e nada!
E assim se faz noite, e depois
Assim se faz luz em faróis
E assim mata a guerra entre dois
E assim vive a paz entre sóis
Agora que pousas a cabeça
Na almofada e respiras satisfeito
Quero o teu amor sem sentido no meu peito
Agora que repousas
Lentamente sigo a curva do teu peito
Procuro o segredo do teu cheiro
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Logo juntas a tua roupa
E dizes que a vida está lá fora
Passou a minha hora
Passou a minha hora
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Que eu não vi
Que eu não vi
A minha mulher não é minha
É da cabeça dela
Mesmo achando que sim
Não precisa de mim
Isso é o que me agrada nela
Não deseja ser o meu mundo
Mas tem-me em seus desejos
Eu noto nos seus olhos
A nítida presença
Das nossas aventuras
Voa com seus pássaros fantásticos
Agnósticos, simpáticos
Por campos de razões
E quando volta traz-me caramelos
Ela não se põe à janela
De corpo iluminado
Mas mostra o universo
Ao animais de caça
Quando desce ao mercado
Desce nos cabelos das estrelas
Bem nas barbas dos fantasmas
Que aprendeu a desmontar
E acaba a transformá-los em brinquedos
A minha mulher não é minha
É da cabeça dela
Mesmo achando que sim
Não precisa de mim
Isso é o que me agrada nela
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
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