Mafalda Veiga no Fórum Cultural de Ermesinde

Se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho
Será vaga a nostalgia que outro charco faz viver
A canção lânguida e lenta de quem vai devagarinho
Em cada charco uma mágoa que não se pode esquecer

Tenho ideias que não tenho, sentimentos que não sinto
Sou imagem de outra imagem que se fez não sei de quê
Procurando a minha rota, descobrindo que não minto
E o que minto atiro fora para nascer outra vez

Não sou forte nem sou pedra, nem sou muro levantado
Nem sou obra que se erga pouco a pouco tempo afora
Antes sou como uma ideia que se despe do passado
Uma planta enraizada na sina da sua hora

Se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho
E eu cair em cada charco mas seguir por onde vou
Deixarei olhar no rio de todos mas tão baixinho
Porque é mais profundo o charco onde o que vejo é o que sou

A noite vem às vezes tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nos inquieta e ferida
E tudo que era fundo fica perto

Nem sempre o chão da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

Trocamos as palavras mais escondidas
E só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer

Fica tão fácil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

Levo tudo o que preciso para ir
Levo o meu Moleskine de estimação
Uma biografia do James Dean
Com a capa já rasgada por tanta dedicação

Levo o que quero deixar pelo caminho
O silêncio dos poemas que não fiz
E as certezas que rasguei devagarinho
Para ir sabendo ao certo o que é de mim

Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar
Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Levo lutas pr'acalmar-me a madrugada
Entre estrelas e planetas e luares
E um mapa desenhado numa folha amarrotada
Que fizeste pra saber como voltar

Levo o cheiro do teu corpo no meu corpo
Como sal colado à pele na maré vaza
Procurei pelo caminho em cada canto
Mas por dentro é onde fica a minha casa

Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar
Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar
Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar
Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar
Eu vou, que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou porque o meu coração precisa de mar
Eu vou porque o meu coração precisa de mar

Meu amor há tempo, se tu quiseres
Sem assombros sem medo, se te atreveres a ser
Completamente tu
Venha o que vier, agarra bem o mundo

Acredita o tempo, é sempre agora
Não há mais rodeios, desenganos ou demoras
Vê o teu sentido és tu
Com tudo o que trouxeres em ti, ainda

Eu sei que às vezes muito perto desfoca
E querer o mundo inteiro no peito, sufoca
Mas eu quero-te aqui
Eu quero-te em mim

Meu amor há tempo, se tu quiseres
Sem assombros sem medo, se te atreveres a ser
Completamente tu
Venha o que vier, agarra bem o mundo

Acredita o tempo, é sempre agora
Não há mais rodeios, desenganos ou demoras
Vê o teu sentido és tu
E a força que trouxeres em ti, ainda

Eu sei que às vezes muito perto, desfoca
E querer o mundo inteiro no peito, sufoca
Mas eu quero-te aqui
Eu quero-te em mim

Eu sei que ao longe há sombras, ausentes
Mas eu vejo-te em zoom e o meu plano é diferente
Eu sinto a tua falta
E não te quero largar mais

Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais

Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais

Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais
Não te quero largar mais

Não te quero largar mais
Não te quero largar mais

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir

Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Às vezes fogo e mar, loucura e chão
Às vezes só a cinza que sobrou

Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer

É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer

Ai se a Academia soubesse
Aquela estátua era a sua
Ai se o seu talento chegasse à América
Seria o primeiro Óscar a subir à Lua

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