A banda que acompanha actualmente a Mafalda Veiga é composta por músicos lisboetas e portuenses, sendo que os do Porto são membros do Comité Caviar, a actual banda de Pedro Abrunhosa.
Versão à Zoom
Esperei-te no fim de um dia cansado
À mesa do café de sempre
O fumo, o calor e o mesmo quadro
Na parede já azul poente
Alguém me sorri do balcão corrido
Alguém que me faz sentir
Que há lugares que são pequenos abrigos
Para onde podemos sempre fugir
Da tarde tão fria há gente que chega
E toma um café apressado
E há os que entram com o olhar perdido
À procura do futuro no avesso do passado
O tempo endurece qualquer armadura
E às vezes custa arrancar
Muralhas erguidas à volta do peito
Que não deixam partir nem deixam chegar
O escuro lá fora incendeia as estrelas
AS janelas, os olhares, as ruas
Cá dentro o calor conforta os sentidos
Num pequeno reflexo da lua
Enquanto espero percorro os sinais
Do que fomos que ainda resiste
As marcas deixadas na alma e na pele
Do que foi feliz e do que foi triste
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
Quando já nada é intacto
quando tudo na vida vem em pedaços
e por dentro me rebenta um mar
quando a cidade alucina
num luar de néon e de neblina
e me esqueço de sonhar
Quando há qualquer coisa que nos sufoca
e os dias são iguais a outros dias
e por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo
Quando o sopro de uma jura
Faz balançar os dias
Quando os sonhos contaminam
Os medos e os cansaços
quando ainda me desarma
a tua companhia
e tudo o que a vida faz
Em mim
Quando o dia recomeça
e a noite ainda te prende nos seus braços
e por dentro te rebenta um mar
Quando a cidade te esconde
e o silêncio é o fundo das palavras
Que te esqueces de gritar
Os meus discos no chão
Os copos vazios
Vestígios da noite
As palavras perdidas
O calor e o frio
O meu corpo no chão
Um livro que eu li
O silêncio e a pele
As palavras sentidas
Os vestígios de ti
E o mundo e a rua
Despidos no vento
À espera de sentir o mar
Numa vaga de espuma
Em sentidos guardados
No fundo do olhar
As revistas no chão
Os copos vazios
Vestígios do tempo
As palavras trocadas
O calor e o frio
Cada gesto que abraça
E um filme que eu vi
O que fica marcado
E já nunca se afasta
Os vestígios de ti
E o mundo e a rua
Despidos no vento
À espera de sentir o mar
Numa vaga de espuma
Em sentidos guardados
No fundo do olhar
Eu fui mais fundo e além do tempo
E devorei o teu pensamento
Eu queria todo para mim
Achei o medo numa esquina
Mas com o meu fato de heroína
Desafiei-o e venci
Só me apetece o teu abraço
Pudesses tu ser todo o espaço
E eu ficava só em ti
A descobrir um novo mundo
A demorar cada segundo
Para nunca mais haver um fim
Eu fui como daqui à lua
Até ao fundo desta rua
Onde começa o universo
Só para seguir aquela chama
Luar secreto de quem ama
que vira tudo do avesso
Só me apetece o teu abraço
vê lá bem tudo o que eu faço
para não te perder de mim
Tu és a fé que eu professo
seja a quem for eu confesso
a minha paixão por ti
Olha como a vida é boa
Olha como pode ser
Dar-te a mão
subir qualquer colina de Lisboa
Só para ver o sol nascer
Se deixares o tempo voa
Melhor agarrá-lo bem
Não desperdiçar nem um segundo
De ti
Já fui até ao fim do mundo
qual pequeno vagabundo
se é que o mundo tem um fim
Soltei todos os cometas
e arrumei as gavetas
e cuidei do meu jardim
Só me apetece o teu sorriso
e esse tom meio impreciso
de quando a saudade insiste
Eu sei o que ela me diz
Contigo sou tão feliz
e sem ti fico tão triste
Olha como a vida é boa
Olha como pode ser
Dar-te a mão
subir qualquer colina de Lisboa
Só para ver o sol nascer
Se deixares o tempo voa
Melhor agarrá-lo bem
Não desperdiçar nem um segundo
De ti
Não desperdiçar nem um segundo
De ti
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