Trabalhadores do Comércio na Cordoaria

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

À toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo, eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Xtou louco, xtou loucu,
xtou completamênte loucu
Deixenme aprezêntar. Num confiem emim

A curtar êste bife, priocupama fome
i us recursus que faltam - ou que dizem faltare.
Sentumiolhu ecrá nu calôr du sufá
i até percu apetite i desbiu ulhare

Purqu'eu xtou loucu,
xtou louco, xtou completamênte loucu
xtou loucu, loucu

Queru salbaru mundu dêsda minha pultrôna,
purcá minha bontade atraissoua a preguissa.
Mas para ser sulidariu num importa u uráriu,
É u númeru du bisa ou a cônta secréta na Suissa...

Purqu'eu xtou loucu,
xtou louco, xtou irremediabelmênte loucu
xtou loucu, loucu tam loucu. Completamênte!!
Xtou louco, xtou loucu, xtou loucu,
Nanme fassam falar, nom me queiram fazer falar, que possu murdêr.
Xtou louco, xtou loucu, xtou irremediabelmênte loucu
Num me fassam gritar, num me queiram fazer falar, que sou de murdêr

Bou é grabar um discu sulidáriu cus pobres
Com us pandas du Zu ou com u Chaka Zulu
Á que têntar preduarnus a inércia a fazer penitência
Num supôim sacrifíciu; é apênas em consciência.

Purqu'eu xtou loucu,
xtou louco, xtou completamênte loucu
xtou loucu, tam loucu. Completamênte!

Eram dez para uma no restaurante
Almoçava alarve mente
A meio do café um garçon pedante
Chegou-se e pôs-ma conta frente
Atao bebi o brande todo dum trago,
Berrei pró homem num pago, num pago;
O gaijo bronco chamou o gerente,
Saltei pa trás, saquei, saiu o pente...
Pra num andar cadeiras pru are,
Atao pus-ma gritar:

Chamem a policia, chamem a policia,
Chamem a policia Chamem a policia, queu num pago.

Fui ver Lisboa à noite
Parei no Rossio
Numa noite sem frio
Mandei vir uma cola
E um guardanapo
E o cara de sapo
Pediu me logo o taco o malcriadao
Num me contive passei lhe um sermão
Disse qu'era uso da confeitaria
Qu'era mais seguro no tempo que corria
Fazia andar com cadeiras pro ar
Então pus-me a gritar!

Chamem a policia, chamem a policia
Chamem a policia, chamem a policia

Comentários