Márcia no Jardim do Morro

Escrita fina
Quando corre ensina
Não dura um deserto que atravesse
Pode ir sendo
Que demore um tempo
Mais tarde ou mais cedo
Lá me acerto

Na lembrança
O meu céu de criança
A quem nunca se entrega um tom cinzento
Por momentos
Vem num pensamento
E uma nuvem chove cá por dentro

Quase nada
(Experimento o céu de negro que há de norte a sul)
Nunca me conforma
(Prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
A insatisfação
(Temo que haja pouco pra me contentar)
Nunca me abandona
(Mas nada me impede de tentar)

Porque tento
Andar atrás no tempo
E entender a chuva que acontece?
Como por magia
Há sempre um novo dia
E outra Lua Nova que anoitece
Se a madrugada traz uma canção
Pouco importa que me insista hoje em dia não
Tomei o meu fastidio pra me atormentar
Pedras no meu trilho são pra me assentar

Quase nada
(Experimento o céu de negro que há de norte a sul)
Nunca me conforma
(Prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
A insatisfação
(Temo que haja pouco pra me contentar)
Nunca me abandona
(Mas nada me impede de tentar)

Mesmo transformando em nosso o que era meu
Se és a sorte do caminho que a vida escolheu
Canta que me afina, faz-nos avançar
Premeia-me o destino por te ver dançar

Quando acordar do sono que eu escolhi
Quero ter no meu cantinho sempre mais de ti
Cada rosa, cada espinho que tanto cresceu
Mesmo quando venham pra nublar-me o céu

Quase nada
(Experimento o céu de negro que há de norte a sul)
Nunca me conforma
(Prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
A insatisfação
(Temo que haja pouco pra me contentar)
Nunca me abandona
(Mas nada me impede de tentar)

Espera sempre dos momentos
Alguma coisa que ao passar
Te leve mais além
A mais algum conhecimento
Mas não queiras salvamento
Se faltar a alguém

Dança o teu azar
Enterra-o por aí
Vem passar por dentro
Da tempestade
Lança-te a voar
Nada como abrir
As asas ao vento
E aprender a cair

Convence o próprio pensamento
A abrir as portas para passar
Sem vetar ninguém
Cada ser seu sentimento
E talvez o salvamento
Nos salve a nós também

Dança o teu azar
Enterra-o por aí
Vem passar por dentro
Da tempestade
Lança-te a voar
Nada como abrir
As asas ao vento
E aprender a cair

Dança o teu azar
Enterra-o por aí
Vem passar por dentro
Da tempestade
Lança-te a voar
Nada como abrir
As asas ao vento
E aprender a cair

Dança o teu azar
Enterra-o por aí
Vem passar por dentro
Da tempestade
Lança-te a voar
Nada como abrir
As asas ao vento
E aprender a cair

Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante pecou
O sereno do céu
E a calma aguarda lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo no meu
Uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu

(Refrão #1)
Dá-me mar, o meu rio
Minha calçada
Dá-me um quarto vazio
Da minha casa
Vou deixar-te no fio
Da tua fala
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada

Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu foi descendo
E ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou
Desgastei
Pra' lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
Pra' voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber

(Refrão #2)
Dá-me mar, o meu rio
A minha estrada
O meu barco vazio
Na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala

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