A nação é o povo. O líder encarna o povo.
O líder é a voz do povo, a voz da nação.
O líder diz que a terra é plana. A terra é plana.
O líder diz que o aquecimento global é uma invenção.
O aquecimento global é uma invenção marxista.
O líder diz que o islão quer substituir o cristianismo.
Quer substituir as nossas igrejas por mesquitas.
Que o islão é inimigo do povo. Inimigo do povo.
O líder diz que a ciência é elitista. A ciência é elitista.
Que as elites não defendem os interesses do povo.
O líder diz que a arte é propaganda marxista.
Só a voz do povo é verdadeira. O líder é a voz do povo.
Só o líder diz a verdade. Só a voz do líder é verdadeira.
As outras são mentiras elitistas e cosmopolitas.
Mentiras contra o povo. Contra a nação.
Vozes do inimigo. A voz do inimigo.
Vamos denunciar as falsidades do líder, pois ele não é a voz de ninguém, só dele mesmo.
Não existe qualquer voz do povo, ele só representa o seu grupo de amigos e os seus interesses.
O povo é uma massa heterogénea, disforme, com distintas vontades internas, antagónicas.
Vontades de ricos e de pobres, de homens e de mulheres, de eruditos e de analfabetos.
O povo é uma soma de minorias, uma mescla de dissemelhanças e diferentes sensibilidades.
Reivindicar a voz do povo é pura ficção, é uma usurpação de poder para melhor nos reprimir.
É a imposição de um pensamento único assente numa falsa legitimidade e dicotomia.
Essa pretensa voz do povo não passa de um pretexto para a censura e a servidão de todos.
A nação é o povo. O líder encarna o povo.
O líder é a voz do povo, a voz da nação.
O líder diz que a arte é propaganda marxista.
Só a voz do povo é verdadeira. O líder é a voz do povo.
Só o líder diz a verdade. Só a voz do líder é verdadeira.
As outras são mentiras elitistas e cosmopolitas.
Mentiras contra o povo. Contra a nação.
Vozes do inimigo. A voz do inimigo.
Nem bom-dia, boa-tarde, viva ou olá
Em vez disso um seco viva la muerte!
A lembrar que a vida é vale de lágrimas
E que o reino dos céus só co’a morte virá
Sonhamos todos com um mundo de prazer bom
O fim da fome atroz que faz de nós um ser vil
A liberdade enfim de se poder dizer não
A vida é mar de dor, pois então viva la Muerte!
Bem do fundo, do mais profundo de mim, ergue-se um leve motim
Um ténue sussurro que o tempo engrossa e transforma em grito mudo
A reclamar a vida que a tirana servidão impede de agarrar co’a mão
Sobre a vida e o corpo tem a pátria alvará
Ao serviço do líder, a bem da nação
Remido pra trabalhar, sofrer e procriar
Já que o reino dos céus só a morte o trará
Sonhamos todos com um mundo de prazer bom
O fim da fome atroz que faz de nós um ser vil
A liberdade enfim de se poder dizer não
A vida é mar de dor, pois então viva la Muerte!
Bem do fundo, do mais profundo de mim, ergue-se um leve motim
Um ténue sussurro que o tempo engrossa e transforma em grito mudo
A reclamar a vida que a tirana servidão impede de agarrar co’a mão
Ninguém nasceu pra ser servil e morrer
Ninguém nasceu pra ser servil e morrer
Ninguém nasceu pra ser servil e morrer
Ninguém nasceu pra ser servil e morrer
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