Jáfu'mega em Alfena

Esventrar a terra
Buscar o fogo sagrado
No sacrifício da carne
No animal imolado

Derramar o sangue
Na neve da madrugada
Para que brotem do chão
Trigo loiro e cevada

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Procurar no vinho
A alegria esquecida
Sugar os lábios de mel
Da mulher que nos dá vida

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Dançar no terreiro
Até ao dia nascer
Para que no ano inteiro
A gente possa sofrer

Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que conheço
Não parecendo que o são
São aquilo que pareço

Mal vestido, fracamente
Sem dinheiro, pobretão
Aos olhos de muita gente
Sei que pareço um ladrão

Neste mundo de ambições
Em que a vida eu aborreço
Não digo que há só ladrões
Mas há muitos que conheço

Advérbios e adjetivos
Pendurados na gravata
Fraseados e ativos
Linguagem tecnocrata
A crise periclitante
E as glórias do historial
O pó do passado que é distante
No plano orçamental

Obviamente
Intrinsecamente
Consequentemente
Tão cristãmente

A nação toda escutava
À espera da panaceia
E o ministro ressonava
A um canto da assembleia
A nação desesperava
No busílis da questão
O ministro discursava
E a boca não tinha som

Absolutamente
Respeitosamente
Infelizmente
Tão piamente

Obviamente
Intrinsecamente
Consequentemente
Tão cristãmente

Só sai a ti
Só sai a ti
Só sai a ti
Só sai a ti
Só sai a ti

Quando a Guida vem à janela
Deitar olho ao império
Saúda o Major Alvega
E põe fleuma no ar sério
Depois regressa à cozinha
Para temperar a sopa
Com o seu avental velho
Ainda dá lições à Europa

Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda
Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda

Quando rega o jardim
É perversa com as plantas
Deixa os trevos irlandeses
Morrer cobertos com mantas
Há revolta em toda a casa
Desde o jardim ao terraço
Se deixares queimar os bifes
De ferro ficas palha d'aço

Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda
Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda
Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda
Diz que tem
Peito de ferro
Chamam-lhe a Guida peituda

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