Pedro Abrunhosa em Vila do Conde

Podes rezar ao teu Deus que eu rezo ao meu,
Talvez o meu Deus seja o teu,
Porque só há um Deus no nosso céu,
Chama-se O.R.
Chama-se
A.M.O.R.
O meu Deus não usa balas nem se explode na multidão,
Que o teu Deus não use ferros nem se esconde na Santa Inquisição,
Porque cada um tem um Deus na sua mão,
E o nosso chama-se
A.M.O.R.
E alguém pergunta ao longe e eu digo:
A.M.OR.
E se o meu Deus fosse uma Mulher e o teu também,
E se se beijassem na boca e no céu se ouvisse: ' Amén!',
Porque todos os Deuses tem destino de Mãe,
E o nosso é A.M.O.R.
Não é outro o nosso Deus que não
A.M.O.R.
E alguém me diz ao longe chama-se
A.M.O.R.
E há pobres e loucos que dizem:
A.M.O.R.
Podes pedir ao meu Deus que eu peço ao teu,
Que nos dê a Paz e a Luz e a Vida que nenhum ódio venceu,
Porque sabes onde estiver esse Deus estarás tu, estarei eu,
É um Deus que dá pelo nome
A.M.O.R.
E tu perguntas como se chama esse Deus e eu digo:
A.M.O.R.
E os tristes e os fracos dizem:
A.M.O.R.
E são poucos os loucos que não tem
A.M.O.R
E é por isso que eu quero que tu digas comigo A.M.O.R.
E alguém na rua diz
A.M.O.R.
E eu digo mais uma vez
A.M.O.R.
Chama-se
A.M.O.R.

Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel numa esquina
Um sono acordado
um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida

Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento

Que o amor te salve nesta noite escura,
E que a luz te abrace na hora marcada,
Amor que se acende na manhã mais dura,
Quem há de chorar quando a voz se apaga?

Ainda há fogo dentro!
Ainda há frutos sem veneno!
Ainda há luz na estrada!
Podes subir à porta do templo,
Que o amor nos salve...

E há uma luz que chama,
E outra luz que cala,
E há uma luz que é nossa...

Que a manhã levante a rosa dos ventos
E um cerco apertado à palavra guerra,
Ninguém nesta terra é dono do tempo,
Não é deste tempo o chão que te espera.

Ainda há fogo dentro!
Ainda há frutos sem veneno!
Ainda há luz na estrada!
Podes subir à porta do templo
Que o amor nos salve...

E há uma luz que chama,
E outra luz que cala,
E há uma luz que é nossa.

O princípio do mundo começou agora,
A semente será fruto pela vida fora.
Esta porta aberta nunca foi selada
Pra deixar entrar a última hora.

Ainda há fogo dentro!
Ainda há frutos sem veneno!
Ainda há luz na estrada!
Podes subir à porta do templo,
Que o amor nos salve...

Porque há uma luz que chama,
E outra luz que é nossa,
E há uma luz que cala...

Ainda há fogo dentro!
Ainda há frutos sem veneno!
Ainda há luz na estrada!
Podes subir à porta do templo,
Que o amor nos salve...

Podes subir à porta do templo,
Que o amor nos salve...

Porque há uma luz que chama,
E outra luz que é nossa,
E há uma luz que se acende...

A noite não tem braços
Que te impeçam de partir
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir
Não sei quanto tempo fomos
Nem sei se te trago em mim
Sei do vento onde te invento, assim
Não sei se é luz da manhã
Nem sei o que resta em nós
Sei das ruas que corremos sós
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
A estrada ainda longa
Cem quilómetros de chão
Quando a espera não tem fim
Há distâncias sem perdão
Não sei quanto tempo fomos
Nem sei se te trago em mim
Sei do vento onde te invento, assim
Não sei se é luz da manhã
Nem sei o que resta em nós
Sei das ruas que corremos sós
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
Navegas escondida
Perdes nas mãos o meu corpo
Beijas-me um sopro de vida
Como um barco abraça o porto
Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti
Deixas em mim
Tanto de ti
Matam-me os dias
As mãos vazias de ti

Amor, essa palavra que me mata
Me corta como uma faca
Me deixa no chão, como um cão
Nu sem sossego, como o prazer que te nego
Dor, cativa, privada
Bruma que te cobre o corpo de fada

Sonho, distante na mente
E de repente, saber que se está só
É duro, é puro futuro
Sempre presente como o céu na tua frente
Pintado, queimado, vazio assumido
Um corpo triste despido

E uma mão que se estende
Depende de quem vier
É mesmo assim que se quer
Longe ou perto
Tudo é deserto
Tudo é montanha que te arranha a alma
Com fúria, com calma

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

Vês o passado dorido, ferido
Agora tudo te é querido
Memória, vitória, não é esta a tua história
Voou a tua vida, perdida
Por entre os braços da SIDA
Mentira, roubada, pesada

Uma seringa trocada, um prazer, que agora é nada
Perdoa se não sei que fazer
Mas sei que deve doer
Dá-me o teu olhar eu dou-te o meu amor
E o beijo urgente, permente
Esperança que não dorme, conforme

E dita o eu estar aqui
Amanhã, sei lá, para já o som da guitarra
Que me agarra, me prende, me solta
E a ti dá-te a volta, ao sorriso
Tem calma...

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um

Juízo, não tenho medo, não temo
Só tremo de pensar
Mas não penso, e tenso te faço viajar
Com a voz
Lembro novembro passado
Quando os dias eram curtos
E as noites de fado
Rasgado, cantado, sentido
No Deus que criámos
Aprendemos a viver, de cor
Meu amor

E agora, é hora
Tudo fica por fazer
Quero-te dizer mais uma vez
Que te amo, talvez, te quero
Te espero e desespero por ti
E que isso só por só

Me chega p'ra viver
Mesmo quando só houver
Silêncio, imenso
E dor, e pior meu amor
A lembrança que descansa
Os olhos teus nos meus
Adeus

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma

Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma

Frio,
o mar
Por entre o corpo
Fraco de lutar.
Quente,
O chão
Onde te estendo
E te levo a razão.
Longa a noite
E só o sol
Quebra o silêncio,
Madrugada de cristal.
Leve, lento, nú, fiel
Como este vento
Que te navega na pele.
E Pedes-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Sangue,
Ardente,
Fermenta e torna aos
Dedos de papel.
Luz,
Dormente,
Suavemente pinta o teu rosto a
pincel.
Largo a espera,
E sigo o sul,
Perco a quimera
Meu anjo azul.
Fica, forte, sê amada,
Quero que saibas
Que ainda não te disse nada.
Pede-me a paz
Dou-te o mundo
Louco, livre assim sou eu
(Um pouco mais...)
Solta-te a voz lá do fundo,
Grita, mostra-me a cor do céu.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.
Se eu fosse um dia o teu olhar,
E tu as minhas mãos também,
Se eu fosse um dia o respirar
E tu perfume de ninguém.

Encosta-te a mim,
Nós já vivemos cem mil anos
Encosta-te a mim,
Talvez eu esteja a exagerar
Encosta-te a mim,
Dá cabo dos teus desenganos
Não queiras ver quem eu não sou,
Deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
Fiz tudo p'ra sobreviver em nome da terra,
No fundo p'ra te merecer
Recebe-me bem,
Não desencantes os meus passos
Faz de mim o teu herói,
Não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo
O que não vivi, hei-de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim,
Desatinamos tantas vezes
Vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
Recebe esta pomba que não está armadilhada
Foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
Em nome da estrada onde só quero ser feliz
Enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
Vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi,
Estou a partilhar contigo o que não vivi,
Um dia hei-de inventar contigo
Sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
Mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim
Encosta-te a mim

Quero-te bem.
Encosta-te a mim.

Tu és a fonte do meu desejo
Minha heroína, meu ensejo
Barco no Douro à deriva
Sem vento, sem guarida
Nem ferros para lançar
Eu sou o que mais tu podes querer
Sou Apolo, sou Adónis
Sultão entre os sultões
Sem rainha nem mulher
Há quanto tempo isto está p'ra acontecer
Mais dia, menos dia vou ter que te dizer:
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Tu és a minha louca fantasia
Noites brancas de magia
És prosa de um poeta
E na cauda de um cometa
Tango dançado ao luar
Eu sou, herói de banda desenhada
Errol Flynn de capa'espada
Tiro tudo, não dou nada
Ninguém me vai agarrar
Há quanto tempo
isto está p'ra acontecer
mais dia, menos dia
vou ter que te dizer:
"Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti, sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado"
Tu és o meu sonho mais atrevido
Olho e tiro-te o vestido
Dizes: "És doido varrido
Faz de mim a tua puta"
"Como é vamos p'ra casa experimentar o Kama Sutra?"
Eu sou a sombra do teu destino
Sou beijo louco e repentino.
E dou-te aquilo que eu
Há muito te quero dar
Há quanto tempo
Isto está p'ra acontecer
Mais dia, menos dia
Vou ter que te dizer:
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado
Não posso mais viver assim
Olhar p'ra ti sem te ter perto de mim
Não posso mais viver tentado
Pensar em ti e querer-te ter sempre ao meu lado

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