Ana Bacalhau em Gondomar

E olha ao longe a praia
O bote aguentou
Bom vento sopra forte
Que é pra lá que eu vou

Formosa e segura
Venha quem vier
Finalmente livre
Sem nada a temer

Uns dizem que não posso
Outros que não sou capaz
Se aprovam ou reprovam
A mim tanto faz

Passou a tempestade
O momento chegou
É hora
De mostrar quem eu sou

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

O medo atrapalha
A ilusão confunde
A obra boquiabre
Aboca meio mundo

E se o que eu for, for feito
E o que eu fizer for meu
Pode não ser perfeito
Mas há de ser eu

Cairam rios de chuva
O vento uivou lá fora
A pouco e pouco o temporal
Foi acalmando agora
Já só falta uma nuvem
Para o sol brilhar
É hora de por isto a andar

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

Dias e dias
Carregando um fardo
Que afinal não era meu
À procura de uma resposta

E a resposta
A resposta
Pelos vistos
A resposta sou eu

Até podem rogar-me pragas
Ou lançar-me às feras
Insistirem em encaixar
Onde eu não couber
Já não vou ficar mais pequena
Podem atar meu mundo à perna
Para me ver aos tombos
E apoiar-se nos meus ombros
Que eu sinto-me leve
Leve como uma pena

Leve, leve
Olha agora sinto-me leve
Leve, leve, leve
Como uma pena
Leve, leve
Olha agora sinto-me leve
Leve, leve
Leve como uma pena

Tu já paravas com essa mania
De ver em tudo conta peso e medida
De (me) analisar pela morfologia
E dar opinião que nem te foi pedida.
Sou pespineta? (Sim.) Só Deus me atura? (Hm…??)
Sou bem aventurada e pronta p’ra aventura!
Ai quem te dera este jogo-de-cintura
Só tens tamanho, mas pra mim não estás à altura

(E) diz-me lá então quem te deu o direito, de decidir o que posso ou não fazer
Sou maior e vacinada, e a ti não devo nada, eu sou forte, sou capaz, eu sou mulher

Eu sou como sou – Sou como sou
É assim que me quero, e no fundo me queres
Assim como sou
E Eu sou como sou – Sou como sou
Estou como quero – e sei que me queres
Assim como sou

Não é a letra da etiqueta
Que qualifica ou quantifica a beleza.
Não te censuro se te assusta a silhueta
Tenho curvas perigosas, com certeza.

De salto alto ou sapatilha, saia curta ou comprida, visto sempre aquilo que bem me apetece
Sinto-me “linda de bonita”, assim livre leve e solta, tão pouco m’importa se bem te parece

Eu sou como sou – Sou como sou
É assim que me quero – e no fundo me queres
Assim como sou
E Eu sou como sou – Sou como sou
Estou como quero – e sei que me queres
Assim como sou

(E) diz-me lá então quem te deu o direito, de decidir o que posso ou não fazer
Sou maior e vacinada, e a ti não devo nada, eu sou forte, sou capaz, eu sou mulher
De salto alto ou sapatilha, saia curta ou comprida, visto sempre aquilo que bem me apetece
Sinto-me “linda de bonita”, assim livre leve e solta, tão pouco m’importa se bem te parece

Eu sou como sou – Sou como sou
É assim que me quero – e no fundo me queres
Assim como sou
E Eu sou como sou – Sou como sou
Estou como quero – e sei que me querem
Assim como sou

Já não durmo
E o tempo aos poucos começa a roubar minha vida
Tanta porta para entrar
E eu quero encontrar a saída

Sinto que eu própria
Já não me reconheço
E quando escrevo a história
As vezes não me lembro
Quem era, como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida

Chorei no meu ombro ao espelho
Só pra me confortar
No reflexo vejo o medo
Por pensar em falhar

Quem era? Como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida
Quem era? Como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida

Eu só sou um corpo
Que curou todas as suas feridas
Mas dentro da minha cabeça
Tenho a alma destruída

Porque eu sinto
Que eu própria já não me reconheço
E quando escrevo a história
Às vezes não me lembro
Quem era? Como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida

Chorei no meu ombro ao espelho
Só pra me confortar
No reflexo vejo o medo
Por pensar em falhar

Quem era? Como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida
Quem era? Como era?
Somos só memória a espera de não ser esquecida

Dizem que há lá mil maneiras de cozinhar bacalhau
E que só há mais Marias que Anas em Portugal
Nasci eu Ana Sofia, Bacalhau na certidão
E desde desse belo dia, sou eu, faço questão

Quando eu era pequenina muitos achavam bizarro
Bacalhau de sobrenome, tornou-me num bicho raro
E a mim que era gorducha com este jeito engraçado
Dava muito conteúdo
Pra piadas de miúdos e cochichos para o lado

Foi com isso que aprendi
Que há sempre alguém me desdém
Se não gostas de ti, não há de gostar de ninguém
Desde então que decidi vender o meu peixe bem
Ter orgulho novo aí, valer-me do meu QI e da minha voz também

Ana é nome comum, mas é o meu nome próprio
E como é próprio de mim não podia ser tão sóbrio
Um Bacalhau no fim, tem um peixe por homônimo
Fica tão bem assim que parece um pseudônimo

Sou Ana pra toda a gente e Ana só para o meu pai
Sofia só lá em casa, no colo da minha mãe
Bacalhau sou para os amigos, colegas de muita farra
Desde o liceu de Benfica
Há letras com as amigas quando tocava guitarra

Sei que Ana é pequenina, mas condiz com a sardinha
Com certeza que esta brasa tem de ser puxada à minha
Pois toda a gente diz que assim se quer a mulher
Sou dona do meu nariz
E como quero ser feliz, escolho o peixe que eu quiser

Ana é nome comum, mas é o meu nome próprio
E como é próprio de mim não podia ser tão sóbrio
Um Bacalhau no fim, tem um peixe por homônimo
Fica tão bem assim que parece um pseudônimo

Já vos disse que sou Ana e que meu nome é aqui da terra
Porque lá na Noruega, neva mais do que na Serra
Se já disse e então repito: isto não é nome artístico
E fica até bonito
E de nome de registo, passou a nome de guerra

Ana é nome comum, mas é o meu nome próprio
E como é próprio de mim não podia ser tão sóbrio
Um Bacalhau no fim, tem um peixe por homônimo
Fica tão bem assim que parece um pseudônimo

Nós havemos de nos ver os dois
Ver no que isto dá
Ficar um pouco mais a conversar
Ter a eternidade para nós
Quem sabe, jantar
Se quiseres pode ser hoje

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois, que seja agora

Nós havemos ambos de encontrar
Um destino qualquer
Ou um banquinho bom para sentar
Vai ser tão bonito descobrir
Que no futuro só
Quem decide é a vontade

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois, que seja agora

Tem de acontecer, porque tem de ser
E o que tem de ser tem muita força
E sei que vai ser, porque tem de ser
Se é pra acontecer, pois, que seja agora

Que seja agora, que seja agora
Se é pra acontecer, pois, que seja agora
Que seja agora, que seja agora
Se é pra acontecer, pois, que seja agora

Que seja agora, que seja agora
Se é p'ra acontecer, pois, que seja agora
Que seja agora, que seja agora
Se é pra acontecer, pois, que seja agora

Se eu pudesse regressar aquele dia
E não seguir em frente como queria
Talvez vivesse sem esta vontade

Se eu tivesse tido forças para ficar
E deixasse um vazio no teu lugar
Eu talvez vivesse sem esta saudade

Mas de que vale a vida se não é sentida
Mesmo que assim seja preciso
Que a dor nos vá matando devagar

Choro, mas é melhor chorar o que foi feito
Se não era por aí o meu caminho
Tu foste o meu erro mais bonito
Tu foste o meu erro mais bonito
Tu foste o meu erro mais bonito

Se eu não fosse atrás de mim nos teus silêncios
Nem me perdesse dentro dos teus braços
Talvez vivesse sem este castigo

Lenta é esta lágrima que cai no chão
E ainda me lembra do calor das tuas mãos
Que já não me apertam contra o teu corpo

Choro, mas é melhor chorar o que foi feito
Se não era por aí o meu caminho
Tu foste o meu erro mais bonito
Tu foste o meu erro mais bonito
Tu foste o meu erro mais bonito

Se eu não tivesse vivido tudo aquilo
Nem tivesse chorado o que chorei
Eu não saberia hoje o que sei

Mais que uma rosa
Mais que um perfume
Dou-te uma cena de ciúme
Faço prova aparatosa
Do meu amor por ti

De peito aberto
Cabeça ao lume
Mostro-te as minhas feridas de guerra
Gentileza que o peito descerra
Aceita o meu ciúme

A vista de todos por cortesia
Salta-me a tampa
Vou ao teto
Como quem cede um afeto
Em plena luz do dia

Ciúme que não sai do peito
Espinho que corta a direito
E queima como sal
A ferida onde fermenta todo o mal

Podes soltar aos quatro ventos
Podes não contar a ninguém
Mas toma conta dos meus tormentos
Como um presente de quem te quer bem

Guarda está birra de menina
Aceita a minha gentileza
Guarda com uma certeza
De haver quem te queira assim

E se eu as vezes abuso do meu
É porque nunca acusas o toque
Por mais ciúme que eu te provoque
Nem se quer um pingo do teu

Ciúme que não sai do peito
Espinho que corta a direito
E queima como sal
A ferida onde fermenta todo o mal

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