Presa nos limites duma condição
Dou passos em volta como na prisão
Cavar ou não o túnel, eis a questão
A estudar a fuga até à exaustão
E olhar para mim
A fugir, a fugir
Ver em cada fenda a salvação
Ver em cada cor uma visão
De cada silêncio tirar uma lição
Ouvir em cada nota uma canção
E dançar até cair
Dançar e cair
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
E voar
Até escapar
Ver em cada sombra uma réplica do breu
E ver em cada coisa uma súplica do léu
Ver em cada passo um súbito apogeu
E ver como o azul se duplica no céu
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não tem fronteiras
A ave em mim não vê barreiras
A sombra que há em mim não conhece fronteiras
A ave que há em mim sobrevoa barreiras
A força em mim não tem fronteiras
A ave em mim não vê barreiras
É crime. É crasso. É o degelo
É o monstro glaciar
É torpe. É corte de cabelo
E de árvore milenar
É pouco. É tanto. É meio termo
É chumbo por faltar
É a rima pobre
É o pintor da Yourcenar
Eu sei
Que o tempo aqui já só me traz refém
E o que eu sou nem sei
Mas sei
Que a traça aguarda o que eu para aqui acumulei
E o que tenho vai ganhar ferrugem
É crise. É carne. É o desterro
É tudo a apostatar
É pau. É pedra. É o novo preto
É rock impopular
É lei. É grei. É o cinzento
É gado a remontar
É o futuro antigo
Tremor a ser vulgar
Eu sei
Que a vida é mera sombra do que vem
E o que eu sei nem sou
Mas sei
Que a traça atraca-se onde eu cria ser alguém
E o que resta já se enferrujou
Mais nada e herdo uma coroa
Eu sei
Que o tempo aqui já só me traz refém
E o que eu sou nem sei
Mas sei
Que a traça aguarda o que eu para aqui acumulei
E o que tenho vai ganhar ferrugem
Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz
É a voz de quem espera do futuro um presente mais justo
Diferente
A voz que ardeu a custo e tarde ou cedo vai dizer liberdade
Premente
Oh, não! Outra vez!
Cumpridas guerras e fomes, era o fim
Oh, não! Era o fim
A face enxuta, o fim do filme, e não na terra esta luta
Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz
Voz de quem vai ao fundo e vem à tona só por vir respirar
Mais ar
Um ar não contaminado, nunca é cedo, ainda é tarde e demora
É agora
Oh, não! Outra vez
Cumpridas guerras, fomes, era o fim
Oh, não! Pesadelo
Há que vivê-lo por dentro e logo após desfazê-lo
Sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, que o seu eco é a nossa voz
Era uma vez o ser humano
A ser extinto em cinzas
Eram já muitos, somos já nada
A ser desfeito em cinzas
Cinzas, pó e nada!
E assim se faz noite, e depois
Assim se faz luz em faróis
E assim mata a guerra entre dois
E assim vive a paz entre sóis
Tudo no amor faz do nada um tudo
O olhar mais agudo
Navego
Mas já que o amor é cego and love is a crazy game
Por amor ceguei-me
Cheguei-me
De bengala branca tateei no escuro
De bengala rosa
Por amor procuro
Uma flor secou e em botão renasce
Será que traz veneno
E a paixão desfaz-se
Tudo no amor
Vive com o fantasma
Que viver em ti
Ele é cego e vê
E eu ceguei e vi
É do amor a sombra
E é da sombra a luz
É da sombra o amor
E é do amor a luz
Se por paixão carrego o mundo todo às costas
Diz-me só se queres
Se gostas
Gostarás de ti ao gostares de mim?
O abrir e fechar de olhos
Traz outra cor aos olhos?
Bebemos então, tão e tudo a isso
Veneno e o seu contrário
Por amor remisso
Tudo no amor
Vive com o fantasma
Que viver em ti
Ele é cego e vê
E eu ceguei e vi
É do amor a sombra
E é da sombra a luz
É da sombra o amor
E é do amor a luz
Tudo no amor
É luz
Agora que pousas a cabeça
Na almofada e respiras satisfeito
Quero o teu amor sem sentido no meu peito
Agora que repousas
Lentamente sigo a curva do teu peito
Procuro o segredo do teu cheiro
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Logo juntas a tua roupa
E dizes que a vida está lá fora
Passou a minha hora
Passou a minha hora
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Juntos fomos correndo lado a lado
Juntos fomos sofrendo ter amado
Amas a vida
E eu amo-te a ti
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias daquilo que eu não vi
Conta-me historias que eu não vi
Que eu não vi
Que eu não vi
Eu vou no arrepio
Eu vivo o desconforto
Eu sinto o calafrio
Pressinto o maremoto
Eu falho sempre o tiro
E digo que é por pouco
Faço mira ao destino
Mas do lugar do morto
Isto é um ápice
Isto é um triz
Eu estive quase
P'ra ser feliz
Hesito e não mergulho
O susto não me passa
Eu já não tenho orgulho
Mas prezo a carapaça
É onda que recua
É nuvem que ameaça
Eu já nem saio à rua
Com medo da desgraça
Oh, oh oh
Dentro do meu armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Eu tenho falta de ar
As aves já não piam
O calo já não sofre
As folhas rodopiam
E cheira a enxofre
Eu sou um gato preto
Eu nunca tenho sorte
Faço secar o trevo
Posso agoirar a morte
É um ápice
É um triz
Eu estive quase
P'ra ser feliz
Oh, oh oh
Aqui no meu armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Oh, oh oh
No escuro do armário não há verão
Oh, oh oh
Eu sou como o canário da mina de carvão
Eu sinto falta de ar
Preciso sair
Eu tenho falta de ar
Eu quero sair
Não dá p'ra respirar
Eu quero sair
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa de que marca, de que cor
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa se inglês ou japonês
Eu ando neste atrito
Porque nao tenho esse sonho
Ando a pensar qual motivo
Porque não sonho com um gti
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa de que marca, de que cor
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa se inglês ou japonês
Os meus amigos riem-se de mim
Por ser feliz assim sem sonhar com um gti
Eles não sonham que me basta ter te a ti
Sonhar comigo desde que te conheci
Too sexy for me
Too sexy for me
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa de que marca, de que cor
O sonho dos meus amigos é ter um gti
Não importa se inglês ou japonês
Desde que seja um gti
Desde que seja um gti
P'ra que quero um gti
Se me basta ter-te a ti
Eu não quero um gti
Deita fora o gti
P'ra que quero um gti
Só me basta ter-te a ti
--/--
Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me, diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Como se
Por fim, soubesse
Aquilo que do amor se fez
Mas, não sei bem
Nunca sei
Visto que
Vagueio em vão, só
No descrer me demoro
E se tu fores meu chão?
Pois, tu és o que me dás aos dias
És o que cresceu em mim
E ando eu tão perdida
A ver se sim
Se o que sou
Se confunde com o
Que não dou
Quem vai ser capaz de
Querer do amor
Solução? Tu
Tu
Naquilo que dás aos dias
Na soma do que és em mim
Com o que me traz perdida
A ver se sim
Naquilo que dás aos dias
A ver se sim
Silêncio atrai silêncio
Atroz é o silêncio
Quando aí ouvimos a nossa voz
Violência atrai violência
Trago a consciência entorpecida
Por tanta coisa que dói
O que eu não fiz não quero ver
O que eu não quis não quero ter
O que eu não dava pra sair
Deste marasmo em que me afogo
Incêndio atrás de incêndio
Salvo sempre o mesmo
Para não duvidar do coração;
Pra ter noção do chão —
São filhos de outras lutas, já vencidas
Que me inspiram a ambição
O que eu não quis preciso ter
O que eu não fiz vou ter de fazer
Afinal não posso esperar
Mais um minuto, este minuto sequer
Se quero viver sem depender
Daquilo que Deus quer
Domesticada a mente
Ponho-me ao corrente:
Tudo passa se os passos se dão em frente
E, consequentemente
Esbracejo exasperado entre o passado
O futuro e o presente
Se ainda não fiz nunca hei-de fazer
Se isto não entendo nada hei-de entender
O que eu não dava pra ter paz...
O que eu não dava pra deixar de doer
Dou tempo ao tempo
O tempo nada me dá em troca
Aliás, pede-me sempre mais tempo
Só mais um mês, aguento
Invento novas vidas, novas ruas
Onde esquecer o tormento
Depois daí fico à mercê
Não sei de quem, não sei de quê
Depois daí é o que for
Volto pra dentro
Que é onde estou melhor
E vou desfiando o meu rosário de rancor
Vejo-me um trágico comediante
A rir-se à sobremesa no restaurante
A minha mulher não é minha
É da cabeça dela
Mesmo achando que sim
Não precisa de mim
Isso é o que me agrada nela
Não deseja ser o meu mundo
Mas tem-me em seus desejos
Eu noto nos seus olhos
A nítida presença
Das nossas aventuras
Voa com seus pássaros fantásticos
Agnósticos, simpáticos
Por campos de razões
E quando volta traz-me caramelos
Ela não se põe à janela
De corpo iluminado
Mas mostra o universo
Ao animais de caça
Quando desce ao mercado
Desce nos cabelos das estrelas
Bem nas barbas dos fantasmas
Que aprendeu a desmontar
E acaba a transformá-los em brinquedos
A minha mulher não é minha
É da cabeça dela
Mesmo achando que sim
Não precisa de mim
Isso é o que me agrada nela
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
Ela é o capitão do seu navio
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