Mafalda Veiga no Pavilhão Rosa

Esta é só uma noite para partilhar
qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
um lugar a salvo
Para onde correr
Quando nada bate certo
E se fica a céu aberto
Sem saber o que fazer
Esta é uma noite p'ra comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
um lugar para nós
onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
e se anceia pelo abraço de um amigo
Esta é só uma noite para me vingar
do que a vida foi fazendo sem nos avisar
foi-se acumulando em fotografias
em distâncias e saudades
Numa dor que nunca acaba
e faz transbordar os dias
Esta é uma noite para me lembrar
Que há qualquer coisa infinita como um firmamento
Um sorriso, um abraço
Que transcende o tempo
e ter medo como dantes
de acordar a meio da noite
a precisar de um regaço

Esta é só uma noite para partilhar
Qualquer coisa que ainda podemos guardar cá dentro
Um lugar a salvo
Para onde correr
Quando nada bate certo
E se fica a céu aberto
Sem saber o que fazer
Esta é uma noite para comemorar
Qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
Um lugar p'ra nós
Onde demorar
Quando nada faz sentido
E se fica mais perdido
e se anceia pelo abraço de um amigo

Levo tudo o que preciso para ir
Levo o meu Moleskine de estimação
Uma biografia do James Dean
Com a capa já rasgada por tanta dedicação

Levo o que quero deixar pelo caminho
O silêncio dos poemas que não fiz
E as certezas que rasguei devagarinho
Para ir sabendo ao certo o que é de mim

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Levo lutas pr'acalmar-me a madrugada
Entre estrelas e planetas e luares
E um mapa desenhado numa folha amarrotada
Que fizeste pra saber como voltar

Levo o cheiro do teu corpo no meu corpo
Como sal colado à pele na maré vaza
Procurei pelo caminho em cada canto
Mas por dentro é onde fica a minha casa

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Que a praia chama
E o meu coração precisa de mar

Eu vou
Porque o meu coração precisa de mar


Eu vou
Porque o meu coração precisa de mar

Meu amor, não quero mais palavras rasgadas
Nem o tempo cheio de pedaços de nada
Não me dês sentidos para chegar ao fim
Meu amor, só quero ser feliz

Meu amor, não quero mais razões p'ra pagar
O que nasce e renasce e nos faz acordar
A loucura faz medo se for medo teu o chão
Mas é ar e a terra dentro do coração
É ar e é a terra dentro do coração

Meu amor, não quero mais silêncio escondido
Nem a dor do que cai em cada gesto ferido
Quero janelas abertas e o sol a entrar
Quero o meu mundo inteiro dentro do teu olhar
Eu quero o meu mundo inteiro dentro do teu olhar

E hoje vê a estrada é feita p'ra seguir
E hoje sente a vida feita de sentir
E hoje vira do avesso o mundo e vê melhor
Deste lado é mais puro
É teu é tão maior
Deste lado é mais puro
É meu é tão maior

Levantas o teu corpo cansado do chão
Afastas esse peso que te esmaga o coração
Abres uma janela e perguntas-te quem és
Respiras mais fundo e enfrentas o mundo de pé

Eu venho de tão longe e procuro há mil anos por ti
Estendo a minha mão até te sentir
Não sabemos nada do que somos nós
Mas sabemos tanto do que muda
Por não estarmos sós

Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem

Levantas os teus olhos pra me olhar assim
Procuras cá dentro onde me escondi
E eu tenho medo, confesso, de dar
O mundo onde guardo
Tudo o que mais quis salvar

Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto
Não há como saber se o caminho é o certo
Só pode voar quem arriscar cair
Só se pode dar quem arriscar sentir

Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem
Abraça-me bem

Em cada gesto perdido
Tu és igual a mim
Em cada ferida que sara
Escondida do mundo
Eu sou igual a ti

Fazes pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
Pintas o sol da cor da terra
E a lua da cor do mar

Em cada grito da alma
Eu sou igual a ti
De cada vez que um olhar
Te alucina e te prende
Tu és igual a mim

Fazes pinturas de sonhos
Pintas o sol na minha mão
E és mistura de vento e lama
Entre os luares perdidos no chão

Em cada noite sem rumo
Tu és igual a mim
De cada vez que procuro
Preciso um abrigo
Eu sou igual a ti

Faço pinturas de guerra
Que eu não sei apagar
E pinto a lua da cor da terra
E o sol da cor do mar

Em cada grito afundado
Eu sou igual a ti
De cada vez que a tremura
Desata o desejo
Tu és igual a mim

Faço pinturas de sonhos
E pinto a lua na tua mão
Misturo o vento e a lama
Piso os luares perdidos no chão

Vai caminhando desamarrado
Dos nós e laços que o mundo faz
Vai abraçando desenleado
De outros abraços que a vida dá

Vai-te encontrando na água e no lume
Na terra quente até perder
O medo, o medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter

Não percas tempo,
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

Liberta o grito que trazes dentro
E a coragem e o amor
Mesmo que seja só um momento
Mesmo que traga alguma dor
Só isso faz brilhar o lume
Que hás-de levar até ao fim
E esse lume já ninguém pode
Nunca apagar dentro de ti

Não percas tempo
O tempo corre
Só quando dói é devagar
E dá-te ao vento
Como um veleiro
Solto no mais alto mar

O bando debandou
subindo do arvoredo
do vácuo que ficou
no fim do seu degredo
as asas abrem chagas
no acinzar do entardecer
e amansam a agonia
do dia a escurecer

ensombram a ribeira
e o verde da seara
e passam pela eira
em que o sol se pousara
nas gotas do orvalho
luarento e vacilante
refrescam o cansaço
e dormem um instante

Pássaros do sul
bando de asas soltas
trazem melodias
p'ra cantar às moças
em noites de romaria
em noites de romaria

no adejo da alvorada
oscila a minha mágoa
o céu à desgarrada
irrompe azul na água
e a passarada acorda
no sonhar de um camponês
e entrega-se no sul
do frio que à noite fez

é tempo da partida
e a cor no horizonte
adensa a despedida
e o borbotar da fonte
as asas abrem chagas
na poeira o sol acalma
num agitar inquieto
que me refresca a alma

pássaros do sul
bando de asas soltas
trazem melodias
pra cantar às moças
em noites de romaria
em noites de romaria

Ah!se a academia soubesse aquela estátua era sua.
Ah! se o seu génio chegasse a América,
seria o primeiro Óscar a subir à lua

É muito tempo a desejar o tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem és

É funda a toca onde te escondes tanto
Tem a distância entre o silêncio e a voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a nós

A tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salva
Do que o medo fechou

São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que tu sentes
A planar sobre o que eu sinto

É quase noite, não te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o teu fundo
Uma palavra para te tocar

Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o teu corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou

Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre

Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver

Não é urgente chegar.
O que é preciso é viver.

Sei de cor cada lugar teu
Atado em mim, a cada lugar meu
Tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
Tento esquecer a mágoa
Guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
Sem ter defesas que me façam falhar
Nesse lugar mais dentro
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
Como se arrancassem tudo o que já foi
E até o que virá e até o que eu sonhei
Diz-me que vais guardar e abraçar
Tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
E tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
Ancorado em cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
E que um dia o tempo pareça perdido
Tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
Atado em mim cada lugar meu
E hoje apenas isso me faz acreditar
Que eu vou chegar contigo
Onde só chega quem não tem medo de naufragar

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