Clã no Teatro Municipal de Vila do Conde

Ontem à noite
A terra tremeu
Não foi notícia
Ninguém mais sentiu

Sombras sem dono
Varreram o chão
Portas rangeram
Pedindo atenção

Ninguém quis ouvir

E até ver
Em cada sinal
Há só resquícios de mim

Mas eu sei
Que vou pontual
E este é o princípio do fim

É o começo do fim

Hoje nos ombros
No meu cabelo
Pousam gaivotas
Pedem-me asilo

Brincam nos parques
Crianças com os pais
Nasceram grisalhas
Ninguém liga aos sinais

Ninguém lê os sinais

E até ver
Em cada sinal
Há só resquícios de mim

Mas só eu sei
Que vou pontual
E este é o princípio do fim

E até ler
A cena final
Não vou saber ao que vim

Eu só sei
Que estou pontual
E este é o princípio do fim

Eu sei que é o fim
O começo do fim
Eu sei que é o fim

a gota caiu na poça
a poça caiu na lagoa
a lagoa caiu no mar
e aqui se fez a pessoa

a pessoa caiu na outra
a outra caiu na outra
a gota caiu na gota
e o mar se fez da garoa

agá dois homem
pra dentro da boca da boca da boca do rio
correndo escorrendo pra dentro do copo vazio
e do copo cheio transbordando, embalando o navio
chovendo, jorrando, enxurrando, enchendo o cantil

agá dois homem
pra beber e tomar banho
agá dois homem
pra nadar e fazer sopa
agá dois homem
pra molhar a plantação

contra a cabeça pedra
contra a cabeça ferro
contra a certeza inquestionável

agá dois homem
pra lavar a roupa suja
agá dois homem
pra furar a pedra dura
agá dois homem
pra chover sobre o sertão

Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz

É a voz de quem espera do futuro um presente mais justo
Diferente
A voz que ardeu a custo e tarde ou cedo vai dizer liberdade
Premente

Oh, não! Outra vez!
Cumpridas guerras e fomes, era o fim
Oh, não! Era o fim
A face enxuta, o fim do filme, e não na terra esta luta

Mesmo sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Mesmo sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, o seu eco é a nossa voz

Voz de quem vai ao fundo e vem à tona só por vir respirar
Mais ar
Um ar não contaminado, nunca é cedo, ainda é tarde e demora
É agora

Oh, não! Outra vez
Cumpridas guerras, fomes, era o fim
Oh, não! Pesadelo
Há que vivê-lo por dentro e logo após desfazê-lo

Sem se dar por isso
O passado vem a nós
Tudo o que era volta a isso, o seu eco é sua voz
Sem se dar por isso
Tudo o que era volta a nós
O passado faz por isso, que o seu eco é a nossa voz

Era uma vez o ser humano
A ser extinto em cinzas
Eram já muitos, somos já nada
A ser desfeito em cinzas
Cinzas, pó e nada!

E assim se faz noite, e depois
Assim se faz luz em faróis
E assim mata a guerra entre dois
E assim vive a paz entre sóis

o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa de que marca de que cor
o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa se inglês ou japonês

eu ando pensativo
porque não tenho esse sonho
ando a pensar qual o motivo
porque não sonho com o G.T.I.

o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa de que marca de que cor
o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa se inglês ou japonês

os meus amigos riem-se de mim
por ser feliz assim sem sonhar com um G.T.I.
eles não sonham que me basta ter-te a ti
a sonhar comigo desde que te conheci

o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa de que marca de que cor
o sonho dos meus amigos
é ter um G.T.I.
não importa se inglês ou japonês

desde que seja um G.T.I.

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