Filipe Pinto no Pôr do Sol nas Artes

No chão rastejaste como um cão
Cinzas que caem do céu,
Lembram-me que és feito de papel!

Talvez venhas a saber largar
Elevar os olhos de vez,
Baixa estima julga-se ganhar!

Há quem diga: "O que eras tu sem dom?"
Há alguém que não te incite à dor em vão!

Pois bem, agiste como um refém
Não te serve de nada a lei,
Assim não temas de ninguém!

Há quem diga: "O que eras tu sem dom?"
Há alguém que não te incite à dor!
Manobra de levar-te a não cair em vão!

O tempo soma e segue e tu começas a agarrar dizendo
Que os sentidos cobram sonhos é a hora de mitigar!

Há quem diga: "O que eras tu sem dom?"
Há alguém que não te incite à dor!
Manobra de levar-te a não cair!

Parei de pensar no que dizem de mim.
Fico mal se soubesses que vou desistir.
A fim de um melhor rumo chegar, eu vi que não...
À espera do que todo o mundo será?

Não! Não! Não! Não fico à espera do que o tempo me dá!

Sinto falta de promessas por cumprir.
Procurei a liberdade para poder investir.
No abrigo da asa de meus pais, eu vi que não...
À espera do que todo o mundo será?

Não! Não! Não! Não fico à espera do que o tempo me dá!

Guardo os livros, já li demais.
Basta de seguir infortúnios a mais.
Porque a raiva há-de ser diferente!
E se a raiva for uma vez diferente! P'ra melhor!

Não! Não! Não! Não fico à espera do que o tempo me dá!
Não! Não! Não! Não fico à espera do que o tempo me dá!

Traz-me água.
Traz-me tudo o que me falta, maldição!
Preenche de risos.
Dá-me aquilo que não partilho nem sei fazer!

Mas há quem queira... Mas há quem queira... Mas há quem queira
Não saber se toda a vida foi uma ilusão...
(Ilusão, ilusão, ilusão)

Triste decido
Quando for o caminho certo a não ter mais em mim.
Enche-me a boca
De elogios e feitiços p'ra mim e p'ra ti!

Mas há quem queira... Mas há quem queira... Mas há quem queira
Não saber se tudo isto acabou por ser uma ilusão...
(Ilusão, ilusão, ilusão)

(Repara, só cá estamos há muito pouco tempo...
Ainda falta viver tudo, não achas? E se eu fugir? E se eu fingir?
E se alguém descobrir que foi tudo mentira, não achas que
Irei omitir?)

Com um olhar fixo
Prendi-me na cura que a apatia serviu à geração.
O egoísmo habita
Na imagem que eu junto dos outros seres à colecção.

Acordo ou deixo dormir
O meu monstro da noite
Era bom poder, sorrir...

Em escassas horas de sono
Assim sento e recolho
Ao frio da insónia
Que vi, em mim...

Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não...
Dessa mente que não quer sossego!
Dessa mente que não quer sossego!

Murmúrios ou medos
Há quem durma sem jeitos
Em cima de uma cama
A rir, de mim...

Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanhã eu devo ir trabalhar!

Mais do mesmo se encontra...
Nestas horas de ponta
O corpo pede a alma pra dormir,
Em mim...

Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanhã eu devo ir trabalhar!

Num sonho por sonho
Num monopólio de oiro
O vício da insónia
Não consegui...

Vivo perto de morrer é certo, magro.
Nediez obsessiva,
Não como vivo meu irmão.

Bem sei, gordo estou tão bem.
A crua carne vem...
Olha p'ra mim,
Dentro de...

Vício excessivo.
A aparência supera o génio.
Em fútil meio sinto,
Hoje há alguém p'ra dizer...

Bem sei, gordo estou tão bem.
A crua carne vem...
Olha p'ra mim,
Dentro de mim, olha...

Tanto que há p'ra te ver
Na imagem que te agonia.
Gordura existe em quem não vê.
O belo ser, que te sorria...

Gordo estou tão bem
A magra carne vem...
Olha para mim dentro de mim...

Lindo pedaço que vejo de amor,
No meu tecido está cheio de cor
Dessa alegria que só poderia ser tua!

Duras pessoas, conversas da vida
Há quem te julgue, há quem te domina
Olha de novo, retrai a tua mão...
Ganha o alento para sorrir!

E tudo gira a quem compra e vende a mentira,
E tudo gira a quem te dá uma falsa partida,
E tudo fica, se nenhum de nós ceder...

Soma por soma, dá-lhe ao melhor jeito
Ressalta de ti esse amor imperfeito!
Deixam correr e passar dizem que é mesmo assim
E negam os medos para fugir...

E tudo gira a quem compra e vende a mentira,
E tudo gira a quem te dá uma falsa partida,
E tudo fica, se nenhum de nós ceder...

Olha de frente, conduz-te a direito
Assume a postura, tu és o eleito
O começo do fim da vida, não é para ti!

E tudo gira a quem compra e vende a mentira,
E tudo gira a quem te dá uma falsa partida,
E tudo fica, se nenhum de nós ceder...

E tudo gira a quem compra e vende a mentira,
E tudo gira a quem te dá uma falsa partida,
E tudo fica, se nenhum de nós ceder...

Não foge à regra
As conversas divinas
Desta terra
De gente cega.

Não foge à língua
A tua pessoa,
A boca mesquinha
Que te atropela...

Motivo a saudade que não me traz...
E foco-me no meu mandato de paz, a ti, aqui.

Traz a alma
Que se reveste bem
Porque o que engana
É o que lá de fora vem.

Motivo a saudade que não me traz...
E foco-me no meu mandato de paz, a ti, aqui.

No meu mandato de paz, a ti...
Aqui...

Somos doidos por ouvir
Quando nada há p'ra dizer.

Vi eu teu corpo na mente!
Provei lírio e tomilho.
Aquela vila tanta falta dá
Às gentes da minha cidade.

Fui eu contigo e com eles
No meu Portugal que envelheces.
Ai a vida que a criança lhe dá.
Ai gentes da minha cidade.

O sol que sinto no mesmo dia.
Amor, a árvore que me abriga.
Esta vila que tão esquecida está.
Esta vila que me ilumina.

Vi eu teu corpo na mente!
Pintarei aroma na alegria!
De ver um dia esta vila chegar...
A esta gente citadina.

Quase sempre te ouvi bem.
Preso à tua sombra deixei
O defeito que eu julgava ver

Era afinal um golpe teu! Era afinal um golpe teu!

Rejeitei a farsa no teu tom de voz
(Mesmo sem se ver...)
A demência juntou-se a um de nós.
(Mesmo sem te ter...)
Retoma a vida longe daqui

Porque era afinal um golpe teu!
Era afinal um golpe teu! Era afinal um golpe teu!

(Não, não sei onde te achei... Mão, não sei onde fiquei...)

Na corrida engano o meu corpo e vou.
(Mesmo sem se ver...)
Para lá de um esforço sei quem me dobrou.
(Mesmo sem te ter...)
A vida padece de um final feliz

Porque era o final do golpe teu!
Era o final do golpe teu! Era o final do golpe teu!
Era o final, era o final...

Nada quero ser.
Nada sinto ao ver, a indiferença
Já faz parte de mim.
Não sei porquê...
Seguem vivos olhos
Atentos à cobiça que dás
Quando passo à tua frente.
Já não sei porque não...

Espero na hora
Ouvir-te.
Afirmo o que sei quando minto.
Sei ler-te bem.
Não sei que diabo sei.
Certo, venho ver
O resto do teu amor.

Entendo vagamente
Aquela inocência que jaz
Como o teu barco no fundo
Desse coração tão pobre.

As coisas vão voltar a ser.
Não fui eu que quis saber.
Se o pouco amor que tens a dar
Lembra o meu corpo de não amar.
Ainda assim eu não sou bem
O Homem vivo, do teu Mundo,
Do teu Mundo, no teu Mundo...

As coisas vão voltar a ser.
Não fui eu que quis saber.
Se o pouco amor que tens a dar
Lembra o meu corpo...

Faz de conta que não te odeiam!
Cega atitude correcta...
Divide a conta pelos dois!

Sempre a mesma história séria.
Levei tareia no meu corpo são.
O mau estar não foi razão... Que falei
Sem medo!
Que falei
Sem medo...
Em rudes formas de suicídio,
Corre, corre, corre...

Lenta a vida, a cura passa...
Vou a quem mais me desespera.
Pensei que o Mundo já soubesse. Que falei
Sem medo!
Que falei
Sem medo...

Há outras formas de sentença.
O corpo não pede p'ra cobrar...
Resta sempre a mesma velha história
Porque não se deveria, de ignorar.

Que falei
Sem medo!
Que falei Sem medo...

Desci à tua porta...
Troquei o medo ao abrir
Por um coração que não se acalma
E escondi a razão p'ra chegar a ti!

Escrevi a canção sem rimas...
Rejeitei as flores do jardim
E a caminho menti nas horas porque escrevi
A canção p'ra chegar a ti, p'ra chegar a ti!

Sinto-me tão perto e as certezas estão no fim...
Tento emendar ao te perguntar: "O teu amor tem si?"

Lembro o gesto que era só teu
Imaginei-te ao chegar...
Meu corpo pede à tua mão que hesitou
Na razão p'ra chegar a mim, p'ra chegar a mim!

Assim fosse esse o mal!
O que teria eu p'ra dizer?
Ontem enchi meu peito de ar
E agora nem expressar sei!

O teu a amor tem si? O teu a amor tem si?
O teu a amor tem si e todas as notas que li!

Comentários