Rui Vilhena & os Aliados na Casa da Música

É condição pouco segura
Há um pé firme em terra
O outro no ar à deriva
nada ao certo te equilibra
Chama-te a fácil queda
Reclama-te a direcção contrária

Não vez que não é preciso
Dar o passo no abismo
Não vez que há quem te queira
Deste lado da fronteira

No balanço desigual
Discutem anjos e medos
Assistes ao duelo final
Sem levantar desacordos

Não vez que não é preciso
Dar o passo no abismo
Não vez que há quem te queira
Deste lado da fronteira

Mas a consciência acorda
As mãos fecham-se em punhos
Soltas bem alto um grito
"Como cheguei a este ponto?"

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Entre a manhã que se faz
Invisível de orvalho
E a tarde que traz
Todo o seu brilho...
Sem pedir a maré sobe
Enche a noite de luz
Para se poder já ver
O que é certo acontecer...
... descanso no vazio
... entre as formas dos dias
... dou corpo à mudança
... sigo a circunstância
Entre grandes passos dados
Há enormes intervalos
Entre alguns cruzamentos
Há olhares mais intensos
Foram presos com correntes
Soltam-se de repente
Folhas passam a flores
Ódios por Amores
... descanso no vazio
... entre as formas dos dias
... dou corpo à mudança
... sigo a circunstância

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Serás só mais um
A ser teleguiado...?
Aqui neste cantinho
Bem manipulado
Houve quem já deu o passo
Tomou a iniciativa
E tu amigalhaço
Vais andando à deriva...?
Até quando irá durar
A bateria deste comando?
Que te vai teleguiando?
Vais indo nessa tua
Única faixa de rodagem
Vais sendo ultrapassado
E nem vês o tracejado
Ouve as músicas do tempo
Encontra lá o teu alento
Prepara o teu futuro
Pois não há obra sem prumo
Até quando irá durar
A bateria deste comando?
Que te vai teleguiando?

Letra: Hugo Sampaio Música: Rui Vilhena, Nuxo Espinheira e Hugo Sampaio

Foste inventada para um único propósito
Só és utilizada em último recurso
És sempre aliada a diversas situações
És pau para toda a obra, desde o tempo às emoções
És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder
Tens variantes médias de uso frequente
São as meias-mentiras ditas por toda a gente
Se te tiram o prefixo podem-te prender
Ficas só com a culpa, sem saber o que dizer
És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder
És a desculpa mal dada por quem te inventar
Mas por mim estás desculpada, isso é abuso de poder

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

música: Rui Vilhena / Hugo Sampaio / Nuxo Espinheira
letra: Hugo Sampaio

LARGA OS PESOS
DEIXA-TE FLUTUAR
NÃO VALE A PENA
CONTINUAR A AFUNDAR
NADA SE REPETE
TUDO É COMO É
NÃO QUEIRAS SIMULAÇÕES
DE ÁVIDAS EMOÇÕES
VEM À TONA ... RESPIRA DE NOVO ...
SAI DO FUNDO ...
FAZ SAIR A RAIVA
DÁ UMA CORRIDA
ULTRAPASSA A SOMBRA
ENCONTRA A SAÍDA
VEM À TONA ... RESPIRA DE NOVO ...
SAI DO FUNDO ...
(TUDO PODE EMBORA
NÃO ESPERES PELA DEMORA)
VEM À TONA ... RESPIRA DE NOVO ...
SAI DO FUNDO ...
VEM À TONA ... RESPIRA DE NOVO ...
SAI DO FUNDO ... VEM À TONA ...
RESPIRA DE NOVO ... SAI DO FUNDO ...
VEM À TONA ... RESPIRA DE NOVO ...
SAI DO FUNDO ...
DESSE MAU PRESSÁGIO

Já pensaram no cinco seis zero?
Não é data nem é número do prémio
Não é combinação de cofre
Ou escavadelas de pá
Nem são as vezes que este país sofre
Pelas voltas que tudo isto dá
É tudo aquilo que fazemos por cá
Seja um par de sapatos, ou uma saqueta de chá
Sempre seguidos, como manda o mercado
Logo ao início, é o nosso código
Nunca serão resultado desportivo
Porque o jogo tem sempre dois lados
Podiam ser em conversa de café
Os metros que o bêbado andou em pé
Podem mesmo ser a salvação aguardada
Da economia e toda esta trapalhada
Ao apostarmos mais na divulgação
Este código nunca será em vão
É tudo aquilo que fazemos por cá
Seja um par de sapatos, ou um casaco de lã
Sempre seguidos, como manda o mercado
Logo ao início, é o nosso código

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Ando às voltas sem destino
Nas ruas da ansiedade
De grossas botas blazer fino
À procura da verdade
Pois a ambição é um desatino
Que faz correr sem vontade

Assim entre atropelos à verdade
A elite vive imune
São sofistas da vaidade
Que a lei ainda não pune

Subo à torre e toco o sino
Acordo toda a cidade
Recordo aqui certo ensino
Que embrutece a sociedade

Assim eu vivo entre corridas
Embrutecendo pela raiz
Envelhecendo com as feridas
Dos cifrões que eu não fiz
Assim eu vivo entre lombrigas
Bem longe de ser feliz

Por cada ano que passa
A esperança esmorece
Que é da fibra da lusa raça
Que a nossa história enaltece

Letra: Rui Morais
Música: Carlos Polónia e Rui Morais

Onde estiveste
Aquando corações partidos
Conquistavam alguns reinos
Aqui ao lado
Bem perto de nós...

Onde foste
Quando a fugir
Me apanharam com um grito
Quase sem voz
Quase sem voz

Onde vais?
Onde vais?

Não é de mim saber
Mesmo que saiba
Que não sei
Se sabes responder

Letra: Hugo Sampaio
Música: Miguel Guedes e Hugo Sampaio
Texto retirado do livro "De pessoas e mais coisas" de Hugo Sampaio publicado pela Editorial 100 Jan 2007

Transpira ser,
Acima de tudo
Um amigo do amigo
Um gajo porreiro

Por mim vou conhecendo
Em banda sonora da vida
Desde o ano oitenta
O teu vinil lá gira

Porque nós não somos só
Fado, Fátima e futebol
Temos sorte em estares aqui
Como o teu brilhante rock'n roll

Vais marcando a nossa história
Sem dúvida nenhuma
Algures na nossa memória
Tens patente garantida

Tens há muito a tua estrela
Nos passeios da Ribeira
És muito bem reconhecido
Até no escuro sem lua cheia

Deste um ar novo à música
Com os blues associados
Nas baladas ao piano
Ou nos solos bem aplainados
(de olhos sentidos, fechados)

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

Música: Alexandre Reis

Podes ser
A nuvem, se eu for chuva...?
Podes ser
O rosto de Cristo, se eu for Judas...?
Podes ser
O meu pulmão, se eu for o ar...?
Podes ser
A ilha que me vai salvar...?

Podes ser...
O meu complemento...?
A metade do meu completo...?
O simples no meu complexo...?
Podes ser...?

Podes ser
No meu silêncio, o agasalho...?
Podes ser
No suplício, a minha sombra...?
Podes ser
No meu devir, a minha guia...?
Podes ser
No vento leste, a minha onda...?

Letra: Hugo Sampaio
Música: Rui Vilhena e Hugo Sampaio

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