Contempla o diferente

Sim, é verdade. Anos 80 do século XX andava eu na escola primária em Valpaços (Trás-os-Montes) e fiz uma excursão ao Porto. Chegados ao Castelo do Queijo, alguns colegas meus que nunca tinham visto o mar, enfiaram-se vestidos e calçados pelo mar dentro.

Diz-se também que no início do século XX, era fácil encontrar quem vivesse no meio da ilha de São Miguel nos Açores e que nunca tivesse visto o mar.

Raúl Brandão, encontrou na ilha do Corvo, a mais pequena dos dois arquipélagos portugueses, na altura com 600 habitantes, hoje com pouco mais de 400, quem nunca tivesse saído de casa:
"Visitei uma senhora de idade que nunca saiu de casa e até a paisagem da ilha desconhece." (1 de Julho de 1924)
in Ilhas Desconhecidas.

Daqui podem resultar muitas reflexões. Pessoalmente, adoraria conhecer e conversar com uma senhora assim.
Com pessoas medonhas e feias, desdentadas, com tanto para observer do que têm para nos dar. Só há evolução da espécie assim, se formos capazes de aprender algo com as nossas experiências e as dos outros. Deixar pessoas "na beira do prato" não nos leva a lado nenhum.

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